Como se fosse verdade…



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como se fosse verdadeTalita Nogueira

Como se fosse verdade, tudo é poesia. Como se fosse verdade, a memória vem em versos, a angústia, o medo, a ternura e o desamor são digeridos e lançados pra fora num vômito atormentado, na mesma vidência invasiva de quando adentram. Ao abrir os poros, despeço-me do silêncio, do incolor e do inodoro. Escrever é ampliar os sentidos.

Quando saio pra passear com as palavras, eu não falo de mim nem de ti, eu não conto histórias de verdade nem denuncio sentimentos; não é desabafo, não é sofrimento nem felicidade. É tudo invenção de espírito.

O cair das folhas secas não faz poesia se os teus olhos não desenharem uma mirabolante fantasia no cair das folhas, como se fosse verdade…. Com se fosse verdade, a poeta escreve, como se houvesse dores, como se eu amasse, como se tivesse um dia chorado de amor, como se meu rosto doesse uma dor de dilacerar os nervos da face, como se eu fosse sensível, como se meu pai tivesse sido levado por um câncer náufrago a lhe sufocar o espírito, como se ela tivesse me abandonado duas vezes, como se ela nunca tivesse existido, como se eu sofresse as dores do irmão mais novo, como se ele tivesse sentado ao chão de cimento de uma sala fechada planejando fuga, como se eu fosse filha do acaso, como se anjos tentassem ser meus guias, como se eu tentasse fugir e meus pés não sentissem chão, como se os cachorros do sítio me fizessem falta, como se o medo do escuro ainda me atormentasse, como se eu abandonasse amores perdidos, como se eu amasse demais, desrespeitasse os donos e tomasse posse de todo o mundo.

Como se escrever fosse solucionar alguma coisa, como se poesia fosse terapia, como se fosse verdade, é tudo invenção de espírito… ou não. Como se fosse…como se isso fosse um livro e eu tivesse alguma coisa pra te dizer. Resolvi mentir no papel, porque mentira falada é pecado ou loucura, mentiras escritas são mais bonitas, viram prosa ou poesia. Bem-vindos às minhas mentiras…como se fossem mentiras….eu já nem sei mais. Sei que já disse que não falo de mim em meus versos… mas, se me encontrares em alguma estrofe perdida, dê-me um abraço; se te encontrares em algum dos meus versos, beije-o, pois ele já não será só meu.

COMO SE FOSSE VERDADE é uma coletânea de poemas da colaboradora da Berro Talita Nogueira, dividida em três capítulos: “se eu fosse paz”, “se eu fosse chuva” e “se eu fosse caos”. O livro é um mergulho em um universo de versos livres, sobre vida, sobre medo, sobre tudo e sobre nada.

O lançamento ocorrerá neste sábado, às 19h, em Fortaleza, na Ler Livraria, Shopping Aldeota, 4º piso, em uma noite de poesia e música e contará com a presença do professor Batista de Lima, membro da Academia Cearense de Letras, autor do prefácio da obra.

Lançamento de “Como se fosse verdade”, de Talita Nogueira

Onde e que horas? Em Fortaleza, na “Ler Livraria”, às 19hrs.

 

 


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