Romã, um bichinho
Por Mariana Amaral Bicho solto aprisionam. Docilizam, poem fôrma, limitam, estrangulam, sacrificam e depois dão fé. Alimentam o bicho de migalhas, ele não pode se fartar, mas ainda assim fica bonito. Bonito e duro. Se disse duro era pra dizer puro. E mesmo em meio a isso tudo o peste do bicho se cria. No vento, no vacilo, na ventania. Mal respirou e já vai voar. Volta aqui, bichinho. Aí é alto, é inseguro, faz frio, é escuro, talvez vazio, você pode se perder. Penso um pouco… Na verdade, vai, bichinho. Espalha a semente, que um dia essa gente aprende a te ter sem te prender. Vai, mas volta algum dia, pra contar que o mundo é mais que isso, que tem gente diferente da gente, que prende a saudade no teu lugar. Agora vai. Vai vivendo do teu jeito, que eu vou vivendo do meu jeito, tentando me soltar. Quem sabe um dia a gente se encontre pelos ares, e de toda a liberdade a gente faça pouso, sem se sacrificar. Mariana Amaral é uma mistura de dengo, cores, cheiros, sabores, linguagens, tatos, riscos,…