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(Foto: editada a partir de material do Comitê Cearense pela Desmilitarização da Polícia e da Política)
A cada novo caso, uma bandeira dos movimentos sociais torna-se clarividente: a Polícia Militar precisa acabar!
A Berro recebeu a denúncia de que Gustavo Anderson Araújo Silva, 19 anos, torcedor do Fortaleza Esporte Clube e afiliado à Torcida Uniformizada do Fortaleza (TUF), foi assassinado por policiais militares no bairro Messejana, em Fortaleza (CE), no último dia 13 de fevereiro, quando voltava do estádio Castelão, após a partida entre Fortaleza e River (PI), pela Copa do Nordeste.
Após o jogo, houve confronto entre torcedores da TUF e da Cearamor (torcida organizada do Ceará Sporting Club), próximo à Lagoa de Messejana. A Polícia Militar foi acionada e separou a briga entre as torcidas. No entanto, não satisfeita, a PM perseguiu e matou Gustavo, mais conhecido entre os(as) amigos(as) como Dim. Não há meias palavras para dizer que “provavelmente” ou “possivelmente” a PM atirou. As imagens são claras! A Polícia Militar perseguiu e atirou à revelia em torcedores acuados e desarmados – e fatalmente acertou Gustavo!
No vídeo (as imagens são fortes, revoltantes e tristes! – veja aqui: PM atira em torcedor desarmado), é possível observar claramente que não há mais confronto entre torcidas organizadas e que os integrantes da TUF estão sendo perseguidos pela Polícia Militar. Gustavo é quem filma e diz, em certo momento: “Vixi, é bala cumpade, é bala”. Noutro momento, vendo que aproximação da PM é cada vez maior, torcedores pedem para que todos levantem as mãos: “Levanta as mãos, ninguém tá armado, ninguém tá armado”, diz um torcedor. Pouco tempo depois, a tensão aumenta e Dim começa a gritar diversas vezes: “Atira não! Atira não! Atira não”. Não foi ouvido pela PM. Pouco tempo depois, um disparo irrompe e, em seguida, Gustavo sente: “Ai, ai, ai, ai, minhas costas”, mas continua correndo pra escapar, enquanto uma voz ao fundo bradava: “Vão pra casa filhos da puta”.
Em entrevista a uma equipe de televisão, o perito Pedro Amaro atestou que o adolescente correu entre 10 a 15 metros após ser alvejado e apresentava lesões nas costas próprias de disparos de espingarda (calibre 12), armas utilizadas pela Polícia no dia da ocorrência, segundo relato de testemunhas que, obviamente, não quiseram se identificar. Gustavo tinha acabado de ser pai, seu bebê tinha nascido um dia antes. Não há dúvidas de que o assassinato do adolescente foi cometido por policiais militares, mas, o que é absurdamente claro, ganhará a nebulosidade de sempre no discurso oficial. A Polícia Civil vai repetir o decoreba: “Vamos investigar o caso, analisar as provas e blá-blá-blá”. A alta cúpula da PM vai endossar o clichê: “Se houver algum policial militar envolvido, as providências formais serão tomadas e blá-blá-blá”.
Chega! Não aguentamos mais! São muitos Gustavos, Josés, Amarildos, Marias, Cláudias… em todo o Brasil. Até quando aceitaremos passivamente que a Polícia Militar aja como se tivesse o direito de decidir quem vive e quem morre? Até quando?
Veja aqui a Cartilha que defende o Fim da PM, organizada pelo Comitê Cearense pela Desmilitarização. A Berro apoia essa ideia!
Pelo fim da Polícia Militar já!