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Quando pequena me ensinaram que não deveria permitir ninguém me tocar de forma estranha, em “locais inapropriados”.
Disseram que depois de uns anos, eu sangraria todo mês como lembrete sobre ser mulher, mas que o “lembrete mensal” não é sinal de fraqueza e sim de poder.
Um pouco mais velha, na adolescência, compreendia a força que meu não continha.
A roupa que visto, a cor do meu batom não é convite pra psiu, muito menos pra sexo,
menos ainda me forçar a fazê-lo.
Entendi o poder do não ser não.
Aos vinte e tanto me apaixonei, me perdi. Esqueci sobre o poder do não ser não. Enlouqueci, casei. Fui tola, boba. Ludibriada, traída. Humilhada.
Sufocada, agredida. Arrasada, destruída.
– Destruída?
O que acontece na história da ave Fênix, após sua destruição?
Ressurreição.
A força me tirou do abismo obscuro. Ressurgi das minhas cinzas.
Sou a encarnação da Fênix. Ou melhor, sou a própria Fênix.
Renasci. Sobrevivi.
Ser mulher é personificar a resistência.
Insistir na sobrevivência – na sua.
Ser mulher é transcendência.
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Esta crônica foi produzida dentro das atividades do curso de Comunicação (120h) realizado pela Revista Berro em parceria com o Centro Cultural do Bom Jardim (CCBJ). A autora foi estudante do curso.