“Torre das Donzelas” reconstitui a prisão de mulheres durante a ditadura militar 



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(Foto: Elo Company/divulgação)

Torre Das Donzelas é um documentário dirigido por Susanna Lira, com produção da Modo Operante Produções e distribuição da Elo Company. Tendo estreado nos cinemas nacionais em setembro de 2019, o filme reúne mulheres que foram presas na década de 70, durante a ditadura militar, detidas no Presídio Tiradentes, em São Paulo. Conhecido popularmente como Torre das Donzelas, o cárcere é reconstituído em estúdio através das memórias compartilhadas pelas guerrilheiras e remete ao espectador a luta e resistência por liberdade e justiça. 

Com depoimento da ex-presidenta Dilma Rousseff e suas ex-companheiras de presídio, o filme vai além da narrativa histórica de censura e repressão desse período nacional. Com relatos inéditos sobre a rotina de tortura, dúvidas sobre o amanhã, movimentos políticos e estudantis dos quais faziam parte e do dia a dia no local, as entrevistadas evidenciam o sentimento de sororidade que passou a existir entre elas. “Tem relações afetivas que você tem, que você herda. Essas não. Você escolheu. São relações eletivas, que você elegeu e a vida te deu. É como a família. Elas são parte da minha família”, diz Dilma sobre as ex-companheiras de prisão. 

Vencedor dos prêmios de Melhor Direção de Documentário e Melhor Documentário pelos júris oficial e popular no Festival do Rio, de Melhor Filme pelo júri popular na Mostra Internacional de Cinema de São Paulo e do Prêmio Especial do Júri no Festival de Brasília, Torre das Donzelas se aventura pelo campo experimental do documentário de reinvenção, tomando como referência algumas ferramentas do psicodrama, articuladas num jogo de reconstrução cênica com o apoio de uma instalação de arte semelhante ao ambiente da prisão. 

A partir de desenhos feitos por cada uma das ex-detentas, o filme cria um campo de subjetividade ao erguer um espaço cinematográfico em que silêncios, pausas e reticências são tão importantes quanto as palavras. Filmado em um grande estúdio, onde o cárcere cenográfico se reergueu, as personagens e um elenco de jovens atrizes se misturam, formando um mosaico de corpos, vozes, sombras, silhuetas e sons. Provocadas por esse ambiente, elas reconstituem os momentos mais densos e delicados vividos pelo grupo. As presas, como agentes narrativos, e o elenco de atrizes como corpos dinâmicos, trazem de volta as impressões do passado. 

“A Torre é uma experiência política também. É de como, inclusive, mesmo fora da sociedade, mesmo distante e em uma situação de extrema repressão, você pode construir”. Além de Dilma, também participam do longa-documentário Ana Bursztyn-Miranda, Maria Aparecida Costa, Rita Sipahi, Rioco Kayano, Rose Nogueira, Elza Lobo, Dulce Maia, Nair Benedicto, Leslie Beloque, Eva Teresa Skazufka, Robêni Baptista da Costa, Guida Amaral, Marlene Soccas, Maria Luiza Belloque, Nair Yumiko Kobashi, Ieda Akselrud Seixas, Lenira Machado, Ana Mércia, Ilda Martins da Silva, Iara Glória Areias Prado, Ana Maria Aratangy, Darci Miyaki, Vilma Barban, Telinha Pimenta, Sirlene Bendazzoli, Nadja Leite, Leane Ferreira de Almeida, Maria Aparecida dos Santos, Lucia Salvia Coelho e Janice Theodoro da Silva. 

O filme faz parte do Selo ELAS, iniciativa da Elo Company que oferece mentoria com reconhecidas profissionais do mercado para projetos dirigidos por mulheres, como forma de ajudar a equilibrar a participação feminina no mercado audiovisual. Torre das Donzelas também venceu diversos prêmios internacionais em 2018, entre eles: Menção Honrosa no Santiago Del Estero Film Fest e Melhor Documentário no Atlantidoc. 

A memória como exercício coletivo

Há desejos que nem a prisão e nem a tortura inibem: liberdade e justiça. Há razões que nos mantêm íntegros mesmo em situações extremas de dor e humilhação: a amizade e a solidariedade. O filme traz relatos inéditos da ex-presidente Dilma Rousseff e de suas ex-companheiras de cela do Presídio Tiradentes em São Paulo. Torre das Donzelas é um exercício coletivo de memória feito por mulheres que acreditam que resistir ainda é o único modo de se manter livre. 

Selo ELAS 

Atualmente, apenas 19% dos filmes brasileiros lançados comercialmente são dirigidos por mulheres. Nós queremos mais. Nós queremos nossas histórias. Nós queremos o nosso visual. Queremos mais mulheres em equipes. Queremos mulheres protagonistas e melhor representadas nas telas. Neste selo especial, a ELO se torna ELAS e fomenta a produção de filmes dirigidos por mulheres. Além do trabalho estratégico da Elo Company como distribuidora dos filmes selecionados no selo, foi formado um grupo de consultores experts da indústria audiovisual (nas áreas executiva, artística e jurídica), que contribuem voluntariamente com as realizadoras através de seus projetos, trazendo observações voltadas ao potencial comercial e posicionamento de mercado de cada filme, visando impulsionar os resultados nas diferentes mídias no Brasil e no mercado internacional.

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