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Pedro do Nascimento
SONHO E REALIDADE
“ Há um rochedo negro perto das ondas monótonas
ali eu gravei teu nome para os ruidosos ciclones.”
(Louise Michel, Océaniennes, último quartel do século XIX)
I – LUA
Os olhos, a face, o sorriso…
Bioquímica perfeita para o primeiro beijo.
A umidade do beijo e o relevo do corpo
deixou a lua com ciúmes.
A lua era nova, mas cheia de curiosidade.
Ela, a lua, só ficou à iluminar.
A natureza ali do lado, presente!
A luz de velas não fez falta!
Beijá-la, beijá-la…
Só pensava em duas coisas:
amar e pedir para a luz da manhã demorar.
Meus lábios correu-lhe o corpo.
O luar e seu ritmo ditava
o movimento do pardo de cabelos crespo,
amava-a antes mesmo de tudo isso.
Amante do suor, das dúvidas, dos problemas…
daquela mulher!
Amante de corpo e alma? Não.
Cético quando o assunto é alma,
mas um verdadeiro crente da vida material em movimento,
do corpo, jeito, cores…
daquela MULHER!
II – SOL
A luz do sol chegou.
Alguém diz: acorda!
Então, um sentimento ficou
revolta, revolta!
Pois, o sonho acabou e as ondas do MAR estão monótonas.
Vou fugir do banzo! Pensar dentro de uma maloca.
E agora? Voar, voar… sem freios e sem paradas
a jaçana tá sobre o aguapé e vai bater asas.
As lágrimas fazem parte,
e lutar é uma necessidade.
Não vejo minha imagem ser refletida na água como narciso
só vejo a túnica de Néssus da sociedade. Corpo partido!
Pedro do Nascimento é poeta