8 outubro, 2013
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Por Melina A. Aragão
Meio dia. O vento lançava redemoinhos de poeira, tingindo o tempo. Caatinga marrom borrada pelo verde dos juazeiros. Ela, de seu alpendre, contemplava a solidão silenciosa do sertão.
O peito fibrilava em desespero, tão calado… Seis filhos, um casamento de quarenta anos, uma terra seca. Ela era a terra.
O céu se encherá, pensou. Os açudes. Os buchos das mulheres. Tudo se encherá de água.
De dentro da casa, ouviu o farfalhar dos chinelos de sua filha no piso de cimento queimado.
Trazia seu bebê no colo. Escorou-se ao lado de Juanita, sim, assim ela se chamava.
Amparadas pelo parapeito do alpendre, à beira da caatinga famélica, três gerações contemplavam a solidão.
Melina A. Aragão é feminista e boêmia