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Numa longa jornada, oferecer um gole de água de sua cabaça a um viajante com sede pode parecer um pequeno gesto para você, mas para o viajante esse gole pode ter lhe dado um novo fôlego pra seguir adiante. Mas e se a sede do viajante for por informação? E se a sua cabaça estiver cheia de tecnologia pra compartilhar? Foi pensando nisso que eu inaugurei a coluna Cabaçáiber: a cabaça cheia de cibernética!
Aqui pretendo compartilhar com vocês o que eu puder sobre tecnologia e cibercultura de e para as massas. E para começar os trabalhos, não há melhor assunto para falar do que a própria Revista Berro!
Se vocês leram o título acima devem estar com algumas perguntas martelando-lhes as cabeças: “O que diabos é código aberto?”, e “Como assim foi feita em código aberto?” devem ter sido as principais dúvidas, então que tal começar por elas?
Software livre, esse negócio rochêda
Quando um programa de computador é distribuído com seu código aberto, significa que seus desenvolvedores permitem que você modifique esse programa para as suas preferências. A maioria desses desenvolvedores permite que você distribua ou até mesmo comercialize a nova versão modificada. E outra coisa interessante: apesar de boa parte dos programas de código aberto serem comercializados, existem muitos outros de qualidade distribuídos gratuitamente!
Dentre os vários programas que temos hoje, o mais famoso de todos é o Linux. Um sistema operacional como o Windows e MacOS, com a vantagem de ser totalmente gratuito e aberto para modificações. A variante de Linux mais badalada do momento provavelmente está nesse momento no seu bolso ou palma da mão: é o sistema Android para smartphones e tablets, o principal concorrente da Apple e seu iOS ao trono da tecnologia móvel.
E não pára apenas nos sistemas operacionais: o software livre possui um enorme ecossistema de aplicações. Editores de texto, editores de imagens, navegadores de internet, tocadores de áudio e vídeo, jogos e muitas outras categorias já são contempladas com exemplos formidáveis de software livre.
“Mas e o que a Revista Berro tem a ver com isso?”, vocês devem estar perguntando.
Revista Berro: Suíte Adobe passou foi longe!
Se algum dia você conhecer um designer gráfico, webdesigner ou ilustrador que só trabalhe com software livre, das duas uma: ou ele é um corajoso, ou é um completo maluco. Pois vejam só: eu sou designer gráfico, webdesigner, ilustrador, corajoso e um completo maluco! Estava escrito nas estrelas! Meu flerte com o software livre tornou-se um relacionamento sério em meados de 2012, quando resolvi testar o Linux por um tempo e ver se dava mesmo para trabalhar com ele, e fiquei tão satisfeito que migrei completamente.
Divulgo abaixo a receita desse sarrabulho que foi produzir a Revista Berro com programas de código aberto — e gratuitos!
Sistema operacional: Ubuntu
O Windows da Microsoft é o sistema operacional para computadores de mesa e laptops mais usado no planeta, e seu maior concorrente é o MacOS da Apple, mas ambos são comerciais e demandam um certo gasto. O Ubuntu é gratuito, além de ser uma das distribuições Linux mais famosas e acessíveis para iniciantes no mundo do software livre. Foi essa a distro que eu escolhi para estudar, me divertir e trabalhar na Berro.
Edição de Imagens: GIMP
Não tem nem como comparar o GIMP ao Adobe Photoshop. Mentira, tem sim. O Photoshop tem muito mais funcionalidades, melhor suporte e um reconhecimento que já lhe rendeu seu próprio verbo, o infame “photoshopar”. Mas o GIMP também não é de se jogar fora, principalmente pelo fato de ele ser gratuito para “GIMPar” à vontade!
Editoração: Scribus
Adobe InDesign reina absoluto no design editorial, mas custa caro. Escolhi então o Scribus como substituto, que não é tão funcional quanto sua contraparte multimilionária, mas é mais do que suficiente para quem quer fazer uma publicação digna num programa leve e gratuito.
Ilustração e quadrinhos: GIMP e Inkscape
Olha ele aí novamente! O GIMP já é amplamente utilizado por ilustradores especializados em software livre, tanto que suas versões mais recentes trouxeram ferramentas e novidades pensando especialmente nesses profissionais de desenho e pintura digital.
E para ilustrações em vetor, como a própria logo da Revista Berro, o Inkscape não fica tão atrás do Adobe Illustrator ou do Corel Draw, sendo capaz de fazer quase tudo o que seus concorrentes comerciais fazem, com algumas exceções que não farão falta à maioria dos usuários.
Site: WordPress
Criar e manter um site não é tarefa fácil, e para auxiliar nessa tarefa o WordPress foi o sistema de gerenciamento de conteúdo (CMS para os chegados) escolhido. As primeiras versões do WordPress tinham foco em blogs, mas a cada nova versão seu leque de possibilidades cresceu e hoje é usado para sites institucionais, portfolios, lojas on-line e até para portais de notícias, como a Revista Berro!
Conclusão
A Revista Berro é o projeto mais ambicioso de software livre do qual eu já participei, e eu não o teria levado adiante se meus parceiros também não fossem uns completos malucos! Os principais sistemas operacionais e a Suíte Adobe são uma combinação ótima, mas pondo tudo no papel, sai mais caro que alimentar o Bode Berro com frutas importadas da Suíça! O software livre é uma solução bastante viável e acessível, e o fato de haver muitas opções gratuitas facilita demais a vida de quem não tem recursos para comprar as licenças de programas comerciais.
A maior preocupação que tivemos foi quando levamos os arquivos da primeira edição para a gráfica (pouquíssimas gráficas estão preparadas para materiais feitos em software livre), mas tudo correu bem e em pouco tempo tínhamos a prova em mãos e a autorização pra rodar nossa primeira tiragem!
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