0 Comentários
(Foto: Revista Berro)
João Ernesto
e de tarde
e benfica
e cai a tarde
no benfica.
meu bem
quem bem fica
não precisa ir embora
na melhor hora,
essa em que
choram homens
mulheres e meninos,
eu bem vou ficar
pra esperar o sol se
posicionar
entre mim e o horizonte
e esse pesar gigante
que faz a gente quase parar
pode cair, ir embora
quando a gente pensar
que a hora é de amor.
é agora
quando o sol alaranjar.
vou falar ao padeiro
que ele tem que cortar aquele bigode
e o futuro é pra quem pode
em nada pensar
quando a aurora virar
minha cabeça
dentro de mim
eu sempre vou pensar
nas respostas que nem estão por vir
e que inquieta
quem se diz poeta
numa completa
quebra
do turbilhão
do pensar difícil
do meu sifílico modo de enxergar,
a minha saudade…
vem com aquele sol se pondo…
.
Eu sempre me pergunto…
e nunca me respondo.
Sei que erro o erro dos humanos, mas nunca me sinto parte deles…
nessa hora, que a terra cora e Caetano canta pra não morrer de tristeza
é na sutileza que eu escorrego.
Se eu erro e não nego
é porque me entrego
ao alaranjado daquele sol,
à distância entre mim e o horizonte,
ao findar a tarde
vou ter esperança nas noites frias e solitárias
fazendo do clichê um detalhe,
da vida uma incerteza
vou depurar o tempo,
pra que ele nunca me pese sobre as costas.
João Ernesto acredita que as reticências ainda querem dizer muita coisa…