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Aos poucos o rosto muda, o corpo muda, a cabeça muda. Há mais marcas deixadas pelo tempo na alma de quem envelhece do que em seus rostos
Um momento, um minuto, um tempo já não tem mais a mesma duração interminável que tinha antes, o tempo passa rápido como uma locomotiva em alta velocidade
A preocupação com o trabalho, com o destino e com as pessoas já não é tão intensa, já não há aquela ansiedade por uma resposta dos tempos moços
É possível não só ver as pessoas, mas também enxergá-las analiticamente, entendendo suas escolhas e respeitando seus espaços, diminui-se a vaidade
Além da superfície, aprende-se a ver o que está dentro, a descobrir o que se esconde e a sentir o que se expressa sutilmente no brilho dos olhos
Multiplica-se o entendimento, divide-se as angústias, precipita-se os fins e traz-se à tona a dedução instintiva herdada dos erros da mocidade
Não há pergunta sem resposta, pois entende-se que muitas vezes a pergunta já traz em si todas as respostas ao longo do tempo
Entende-se que algumas coisas simplesmente não vão acontecer como queríamos, não há mais tanta novidade, mas também não é tudo uma “velhidade”
Aprende-se que o grande e o pequeno estão sujeitos ao sujeito, e não à forma ou nível, e sim ao grau de importância de seu símbolo
É possível, se teve-se boas experiências, amar mais, viver mais, gozar mais, aprender mais, respirar mais, entender mais, é possível ter mais, felicidade
Vanessa Dourado é professora por formação e poeta de coração