Pote seco



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(Ilustração: Rafael Salvador)

João Ernesto

Não sejamos nunca mais românticos
Até a última parada
sentamos nunca mais no mesmo banco da praça
ficamos nunca mais de mãos dadas
nem sujamos os mesmos lençóis que dormimos
que acordamos num domingo
não deixemos nunca mais os corpos cansados
e as pernas trêmulas
e o corpo aos espasmos.
o ereto pênis, liquefeito esteve
derramado leite
pote seco
n’auréola em riste
Pote seco
oferenda num dia triste
pote seco derramado
em terreiro de chão batido
água que evapora e deixa cheiro
que germina qualquer semente de desejo
dentro do sentimento escondido.

João Ernesto acredita que as reticências ainda querem dizer muita coisa…


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