Poeminha do Mal



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(Ilustração: Levi Noli/Revista Berro)

 

Queria eu, com meu poema, asfixiar, sangrar, esfacelar sua ideologia de estábulo.

E, como fazem as poetas malditas por natureza,

Arrancar e atirar longe essa máscara ardilosa que esconde sua face. Sua face morta.

Morta de medo, morta de vergonha, morta de rir.

Eu rio de você, com e sem máscara.

Nós.

Fluidos corporais: gases, vômitos, diarreias, palavras.

Minha pele filtrada.

Boca espumante,

Dedo na cara.

Pernas fechadas: dou, não dou…

Mil infernos dentro de mim.

Eu fecho a cortina para não agourar meu dia.

Ovo podre! Galinha choca!

Estourou no mundo, cuspiu meu embrião psicótico.

Meus versos, meu travesseiro, minhas unhas crescendo

Tenho mágoas, tenho dó,

Sou um circo, sou um rancho, sou uma vaca.

Toctoctoctoc

Faça amor com um palhaço e goze rindo na roda de fogo.

Estou repleta de hematomas.

Que surra, meu Deus!

Chicote? Sim, com ponta metalizada.

Tantos céus sobre minha cabeça…

E nenhum sobre suas costas?

Vomitei uma serpente.

Quer uma jaca? Um nabo? Um chuchu?

Sopa de lesma, leite de baleia, panqueca e pancada.

Profissão: matadora de poesia.

Quisera eu matar a mentira a socos e pontapés.

Vê-la se contorcer, se encolher como um verme exposto ao sol.

A culpa é sua por despertar em mim o pior sorvete do mundo.

Alô, mamãe! Alô, papai! Donas de casa! Alô, Dona Maria!

Ovos fresquinhos direto do cu.

 

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One Reply to “Poeminha do Mal”

  1. Como poderia dizer carnavalescamente Bakhtin, viva o corpo grotesco!!!!

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