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(Pintura: Iberê Camargo)
Por Vanessa Dourado
Em um lugar distante do mundo conhecido, alguém disse que as pessoas não podiam falar o que pensavam. Isso porque não sabiam se o que as pessoas pensavam era o que a maioria das pessoas andava pensando sobre o que a maioria das pessoas deveria pensar.
Meses antes do decreto da mordaça, os meios de comunicação decidiram o que a maioria deveria pensar, para poupar tempo e eliminar a confusão. Afinal, essa coisa de pensar é algo muito complexo e era melhor ajudar os idiotas que não podiam pensar sozinhos.
Os idiotas ficaram muito agradecidos porque enfim alguém percebeu que eles eram idiotas e que necessitavam de orientação especial. Muito solidários, os meios de comunicação pediram ajuda para as grandes corporações a fim de melhor definir o que os idiotas deveriam pensar.
As corporações ficaram muito agradecidas e pediram aos idiotas que impedissem que os demais pensassem sozinhos. Assim, sendo todos idiotas, seriam mais felizes e não precisariam gastar tempo à toa com pensamentos.
Desde então, os livres pensadores passaram a ser chamados de terroristas e os idiotas ganharam status de super-heróis.
Vanessa Dourado é poetisa e feminista latino-americana