1989. No primeiro turno das eleições presidenciais votou num senhor chamado Paulo Salin Maluf, mas pensou em votar no Mário Covas e no Sílvio Santos. No segundo turno foi convencido por uma diretora do Centro Acadêmico da faculdade que cursava a votar no Lula, mas mudou de ideia quando a Globo forjou o envolvimento do grupo que seqüestrou o empresário Abílio Diniz com a campanha petista e manobrou o debate da reta final da disputa. Votou no Fernando Collor de Mello.

1990. Dançou lambada e escarrou o Sebastião Lazaroni.
1991. Último ano de faculdade. Curtiu Polegar e assistiu Anos Rebeldes, série produzida e transmitida pela Globo.
1992. Não teve nenhum tostão, quero dizer, cruzeiros novos confiscados pelo Collor, mas como assistiu Anos Rebeldes pintou a cara de preto e foi para o meio da rua protestar.
1993. Foi aprovado em um dos raros concursos ofertados para sua área. Comprou um Corsa e arrumou uma namorada.
1994. Adorou o Plano Real, com URVs e tudo. Não gostava de Fórmula 1, mas chorou muito a perda do Ayrton Senna. Comemorou o Tetra e votou no Fernando Henrique Cardoso para presidente da República.
1995. Trabalho, casa e TV.
1996. Trabalho, casa e TV.
1997. Gostou do Gerasamba. Comprou seu primeiro aparelho celular.
1998. Se apaixonou pela Carla Perez e votou no FHC de novo.
1999. Entrou num PDV: Plano de Demissão Voluntária.
2000. Se arrependeu do PDV.
2001. Foi pro Rock in Rio e arremessou garrafas no Carlinhos Brown. Ficou puto com o namoro da Simony com o Afro-X, elevando o nível de seu recalque, mas distraiu sua tristeza assistindo à Casa dos Artistas. Chorou com ciúmes da Simony e disse que era por conta do atentado às Torres Gêmeas.
2002. Amou os 18 volantes e 14 zagueiros do Felipão. Passou a trabalhar numa ONG e por isso foi orientado a votar no Lula. Foi para o meio da rua comemorar a vitória de seu candidato.
2003. Arrumou uma namorada. Reprovou as manifestações pela diversidade sexual.
2004. Noivou.
2005. Casou e enfim perdeu a virgindade. Foi para uma manifestação pela diversidade sexual.
2006. Se divorciou. Foi demitido da ONG. Delirou e se decepcionou com o Quadrado Mágico na Copa da Alemanha. Votou no Geraldo Alckmin.
2007. Entrou no Facebook. Curtiu Forró Universitário.
2008. Montou uma microempresa financiada pelos pais.
2009. Passou 3 meses na Europa.
2010. Gostou da Seleção do Dunga. De microempresário passou a ser empresário. Votou no José Serra.
2011. Abriu a primeira filial de sua empresa fora do país. Comprou o seu primeiro 4×4 de ponta. Achou Sertanejo Universitário a sua cara.

2012. Comprou um apartamento com 3 suítes por um valor bem mais caro do que de apartamentos com 8 suítes, localizados a 2 Km do seu imóvel. Adquiriu outro 4×4 de ponta. Namorou, noivou, casou, levou chifres e entrou em depressão. Voltou para a esposa.

2013. Foi ameaçado pelo gigolô da esposa, dando um dos 4×4 para esse gigolô. Achou as manifestações de junho ridículas e deu razão à PM. Contratou um pistoleiro para matar o gigolô de sua esposa que ainda o ameaçava. Teve que entregar o outro 4×4 para o pistoleiro.

2014. Viu sua esposa o abandonar, o colocando na Justiça e se juntando com o pistoleiro. Viu os 7 a 1 de perto. Revoltado foi dar um tempo na Europa. Voltou para o Brasil para votar no Aécio Neves. Nesse momento pensa em como pode contribuir para a efetivação de um novo golpe civil-militar.

Augusto Azevedo é tesoureiro do sindicato dos black blocs e perito em desarmamento de balengotengo