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Por Ana Bento
O puro gosto por gente comum
a vida real
a que sai do matagal
a que está no areal do sertão
debaixo de um céu alaranjado
a que pisa nas areias molhadas do mar
a que está no duro asfalto
aquela que vive sem esmagar
a que se des.constrói em todos os encontros reais
e, nestes tempos, algumas vezes também virtuais
o puro gosto por gente comum
que ri, que chora, que se descontrola
que é herói sem querer ser
que não se pré-ocupa em se dizer
gente comum como aqueles meninos
que se despem e correm para o mar a brincar
gente comum como aquele senhor
que te olha e sorri com a sinceridade
de um sorriso desnudado e desdentado
gente comum como a senhora
que te oferece café e senta na calçada
para falar de uma vida que chega antes
nas marcas do rosto
e no penetrante e negro olhar
Ana Bento é bicho, gente, semente…