O crime de um esquizofrênico



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(Foto: divulgação)

João Ernesto

No dia que eu me disser poeta
Vou achar que já me achei
Aí deixo de ser poeta.

Quando começar a me achar poeta
Haraquiri
E menos um poeta.

Nem poeta eu sou por completo
Tendo contas a pagar
Uma vida comum a levar
Desejando sempre a mesma mulher
Que nunca vai ficar
E esperar eu fazer o café.

Nem poeta eu quis ser quando eu nasci
Nem meus poemas eu consigo decorar
e cantar numa roda.

Parece que são poemas abelhas
Que à mínima ameaça
Bate asa e numa ferroada
Ápis, centelha
Haraquiri
Num gesto rápido o texto sai
Ferroada na ponta do lápis
E dos dedos
Morri
Não há mais medo.

Acordo quase que de solavanco
E não olho, nem mudo
mudo
O que saiu foi parido
O que vai ser, está mantido

Entre o umbigo e o tudo.

João Ernesto acredita que as reticências ainda querem dizer muita coisa…


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