O centro é uma cidade



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Por João Ernesto

(Foto: Ramon Sales)

O centro de Fortaleza não é o marco zero da cidade, mas é um convite para quem busca conhecê-la. Em um passeio despreocupado por lá você encontra várias manifestações, várias feições e vários desejos. O centro de toda cidade é um cenário ideal de sua população, onde a variedade está lá. As tribos estão lá ainda, coexistindo. Parangabas e Messejanas variadas, complementando esse território em constante movimento.

Além da rua, tem o sonho. Descongestionando a imagem estanque do centro de nossa Fortaleza. As pessoas que por lá passam vão poder ter acesso a outros personagens, a outras impressões. Propor novas trocas no espaço urbano público ou privado, para que esses olhares possam transferir experiências, modificar olhares e que esses olhares possam desenhar novas possibilidades em qualquer outro espaço.

“Deixa eu falar desta rua
Que ninguém pode entender
Deixa eu dizer que ela é cheia
De ouro mas ninguém vê”        

(Pé de Sonhos – Petrucio Maia)

A cidade ainda guarda seus tesouros em suas histórias que quase ninguém vê. Como na música do autor cearense é preciso quem as conte, é preciso de espaços que permitam a gente saber mais sobre ela. Além da rua, ainda tem essa vontade de partilhar o espaço, convite para a contemplação, compreender a rua não só como via de passagem, mas como permanência.

O centro é esse polo de encontro e de coexistência de várias tribos desejantes e que, de quebra, ainda traz essa vontade de conhecer mais sobre nossa cidade. Estar atento aos seus detalhes, aos seus grifos nas paredes e aos gestos de quem nela performa é um ponto de convergência entre o presente e a nossa história.

João Ernesto acredita que as reticências ainda querem dizer muita coisa…


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