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(Ilustração: Rafael Salvador)
João Ernesto
Desde há muito tempo o homem contempla o sol. Às vezes param seus afazeres de fim de tarde e ficam juntando suas tristezas, lacrimejam seus olhos e recebem o resto do calor alaranjado que nem mais queima a pele. Se as asas de Ícaro fossem de ouro, mesmo assim elas derreteriam. Nenhum material resiste a um abraço do sol.
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Coloquei piquetes na fronteira
Armei minas, cavei trincheiras
Quis me sentir seguro
Fingi esquecer, quis não lembrar
Que alguns sentimentos sabem voar.
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Estava rompendo o laço. Não adiantava desenhar com o mesmo traço, aquilo estava uma garrancheira só! Decidiram quebrar o lápis ao meio.Um deles ficou com um lápis a fazer, o outro já saiu riscando paredes com flores, sóis, estrelas… um deles quebrou a ponta algumas vezes quando levou o pedaço de madeira ao apontador, o que fez o lápis ficar muito pequeno, difícil de escrever, aumentando assim seu fardo. Um deles ainda escreve por mais que lhe doa as mãos (sim, ele aprendeu a desenhar palavras com as duas mãos) e que seus dedos sangrem.
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Um deles aprendeu a desenhar detalhes em vermelho.
*Notas de rodar pé é uma série de zine do berrador João Ernesto, distribuída pelas ruas de Fortaleza e publicada na Berro. Imprima Notas de rodar pé#4, monte no formato zine e compartilhe com os amigos.
João Ernesto acredita que as reticências ainda querem dizer muita coisa…