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Bárbara Braz
O medo de se jogar, o medo do novo, do completo. A sociedade nos exige muito o tempo todo, e queremos dar respostas. Precisamos de muitas coisas – e tudo ao mesmo tempo pra suprir tantas aspirações – tanta esquizofrenia. Queremos ter um emprego, ter uma casa, ter reconhecimento, ter status, ter pessoas, ter, ter, sempre ter.
Mas de fato nada temos.
Como ter sem antes não o viver?
Em meio a tantos desejos, tantos anseios, vivemos de forma paradoxal. Queremos muito, e nos contentamos com tão pouco, tão pouco – que chegam a ser chamados coisas. Nos contentantos com coisas, com situações, com posições. Não precisamos viver, precisamos apenas nos contentar.
Por que tudo isso? Ou melhor, por que nada disso? – digo, de vida?
Nada de essência. Nada de sentimentos. Nada genuíno. Nada,nada de vida.
Construções alheias, doutros mundos.
Mundo esse que há muito tenta se achar em meio a um universo tão pequeno, tão pequeno, e que ainda assim não é possível se encontrar, e nunca será, porque nunca foi possível se viver – em plenitude.
Adeus, vou morar na lua?
Mas os homens já chegaram lá?
Bárbara Braz é assistente social e vê muita beleza no sorriso de uma criança