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Fortaleza, cidade manicômio
Mira y Lopez é demolido
E mais um ogro de pedra se compõe.
Olha lá, aproveita aquele último pôr do sol
Avenida da universidade
Que cada vez menos universos vai formando
Com o passar da idade.
Galera entra, toma umas cervejas em uns semestres
Sai da cidade, chama de atrasada
E depois volta com uma cara lavada
Falando tudo de bom que é estar fora
Da órbita da história.
E os loucos vivem suas vidas normais
Jogam fumaça pelo alto de suas buzinas
É filho no colégio, carro na oficina
Tá cara a gasolina,
Culpa do PT
Dos petralhas
Nunca de quem fura fila.
O que é mais rico: o mundo finito
Ou infinitar nosso canto?
Saber mais do passado e fazer um presente de futuro?
Voltar a imaginar fortalezas sem muros
Em guardanapos encharcados de tanto delírio
E desejos e utopias
Trazer, ver, conhecer outros mundos
Aqui e agora
Por que não?…
“Porra de história!
Pra quê fortalezense precisa de história?
Pra quê Ceará? Pra quê chinela de couro?
Se o meu couro é mais grosso pra trabalhar
E comprar um carro e deixar de andar?
Pra quê história, se história não dá dinheiro?
Pense na quantidade de imobiliárias
Concessionárias, crediárias
Panfletárias que a gente precisa!
Precisa e precisa!
A gente não quer só comida
Quer a história consumida
Pelo prédio tédio cinza.
Para cada gosto na língua
um buzinaço em sua oferenda.”
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João Ernesto acredita que as reticências ainda querem dizer muita coisa…
*Publicado na Revista Berro – Ano 01 – Edição 02 – Agosto/Setembro 2014 (aqui, versão PDF)