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deve ser por isso que nicanor odiava
as metáforas,
fosse ele um homem qualquer o pedreiro
vidente das eras vindouras das ruínas,
nicanor que metaforicamente não usava
as figuras de linguagem nem comia as
batatas cruas
porque é irracional
mas não falamos disso nem dos
crudívoros
nós sempre da carne, nos acostumamos a
ser ridículos
observo as interrogações no lugar das
alegorias
a tristeza nunca fora tão bem explorada
como nos tempos repetidos da terrível
notícia
as dúvidas significam o desejo contínuo de
querer falar qualquer imagem, ainda que
sem a dimensão das respostas
revisito o inventário das feridas e todas
guardam a melancolia contemporânea, por
que então agora as coisas mudam de
lugar?
sabemos, mesmo assim o saber é ineficiente
atrás do bicho corre um pobre
da solução do delírio da ilusão
o revés
a lentidão
o pobre atrás do bicho,
o bicho é a morte.
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Ma Njanu é poeta, educadora popular e integrante da coletiva Pretarau