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Tai Santos
Quantas estações se vive em uma estação?
Quantas vezes é possível partir(-se)?
Sento em um longo e antigo banco de madeira
Que, com certeza, conta mais histórias que eu
E sinto-me confortável para admirar as horas
Imaginando além da simples funcionalidade
Daqueles ponteiros negros, rígidos e velhos
Exaustos de marcar chegadas alegres
Retornos, nem sempre, desejáveis ou necessários
Ou de desmarcar partidas que se configurariam em perdas
Beirando a fatais
Instantes que perduram
Nas tantas memórias dos viajantes e dos que ali ficam
Momentos que passam
Diluem-se na fricção incansável dos trilhos
Os velhos ponteiros parecem saber que
A cada grau percorrido
A cada volta completada
Ele é o único que continua
Naquele mesmo lugar
Como testemunha ocular
De todas as viagens perdidas
Pobres vítimas de atrasos microscópicos
De todas as ansiedades vivenciadas
Resultado das astronômicas esperas
Talvez, ali no mesmo banco
Em que reflito e esqueço
Que é apenas
Mais um relógio e
Mais uma estação
Tai Santos ama respirar novos ares, gosta de sentir a sutileza das folhas caindo e, acredita, intensamente, no mar…