“Em que bloco eu vou?”



2 Comentários



(Arte: Carnaval, de Hector Carybé)

Patrícia Mirelly

Quando purpurinas e confetes anunciam que é tempo de esquecer o enfado da vida e a pressa cotidiana para caminhar contra o vento, sem lenço e sem documento, em que bloco que eu vou?

No bloco da indiferença, da injustiça, da crueldade, que recusa um gesto solidário, que abandona o outro à própria sorte? No bloco do perdão, da bondade, do amor? Ou no bloco da compaixão, quando a voz do outro encontra abrigo para depositar sua necessidade?

Se o carnaval é a festa dos excessos, pois que extrapolemos os excessos da caridade, do acolhimento, da generosidade. Se é a festa onde o compromisso com a vida e com o outro se ausenta, que sejamos a presença que ameniza ausências.

Mas quando fazemos a opção de sair na aula da hipocrisia, travestidos da falsa sensação de que somos melhores e mais santos por não participarmos do carnaval, cantarolando enredos que beiram o farisaísmo, polvilhamos mais prepotência e arrogância no sambódromo dos dias. De nossa conduta, dependem outras condutas. Desfilemos, então, com franqueza, honestidade, verdade, simpatia e bondade.

E que tenhamos a capacidade de enfeitar os opacos da vida, de popularizar gentilezas e reverenciar os bons modos, sendo folião da própria história, assumindo a responsabilidade por um mundo menos frio e cruel. Na avenida da vida, precisamos decidir em que bloco vamos seguir.

Patrícia Mirelly é estudante de Jornalismo na Universidade Federal do Cariri (UFCA)


Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *