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Ronaldo Magalhães
Havia certo homem chamado Anastácio, que rangia os dentes ao ver alguém passar, mas sorria quando o enxergavam. Ele dizia: – Bom dia amigo!, sem conhecer a pessoa que vai ter o bom dia que ele deu. Era tão velho que não fazia mais sentido morrer de câncer de cigarro.
Anastácio levantou-se da cama de viés, pois aprendeu só, desde menor, a estar alerta como os macacos na caverna. Ele olhou para a pia e lembrou de sua mãe lavando louça, porque assim os filmes dizem que se deve fazer. Acendeu o cigarro, mesmo antes de se alimentar. E o cigarro acabou antes de seu ventre se sentir satisfeito. O seu Anastácio olhou para a moça bonita que passava na rua, quando tomava seu café na xícara transparente. Disse: – Bom dia! A moça respondeu ou não respondeu?, pensava. Nem foi antes, nem agora, porque não sou louco, e, creio, nem depois.
Tudo isso passou na cabeça de Anastácio. Ele era catatônico.
Ronaldo Magalhães é estudante e faz textos quando dá na telha