Cartas à Vida: Dor



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cartas à vida
(Ilustração: Mônica Crema)

Frida Popp

Vida,

tem dias em que a gente simplesmente não consegue escrever.

A saudade aperta, de repente. As responsabilidades se amontoam. Os afazeres nos tiram o tempo, a paciência. As dores chegam todas juntas.

Lá vem esse Mundo me pedir coragem de novo… Sai, menino Mundo! Deixa! Doer às vezes é importante.

Deixa eu sentir como as injustiças da tua confusão se fazem sentir forte em mim. Às vezes é preciso parar.

Não dá pra escrever hoje, Vida.

A mão reflete o que tem no peito. Escrevo quando o que tenho nele já não cabe. Escrever pra mim é transbordar.

Só que tem dias em que não transbordamos em palavra e poesia: transbordamos é em água mesmo.

Nem peço que a poesia ou tu, Vida, afastem ou contenham a dor. Às vezes é preciso que doa.

Às vezes é preciso chorar… Em silêncio.

Frida Popp não gosta (e não sabe) de definições


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