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Frida Popp
Vida,
hoje eu eu vi uma menina rodopiando pela rua.
O dia nublado deixa as pessoas sisudas, sempre achei… Sempre achei, até cruzar com ela hoje.
De tênis azul, vestido, mochila e um guarda-chuva preto em uma das mãos, esperava o sinal fechar para atravessar a rua. O céu, então, transbordou: a chuva caiu. Uma infinidade de esconderijos, para cabeças, roupas, livros e quem sabe até para alguns sentimentos que insistimos em guardar (não só da chuva), abriram-se na avenida. O da menina permaneceu fechado.
Sinal abriu.
Os tênis azuis, antes fixos ao chão, moveram-se em um balé peculiar. Cruzando a rua, ela saltitava e dançava sem música (não basta o barulho da chuva?). Em meio a olhares de estranhezas que pareciam dizer ‘te cobre, moça! tu vai se molhar!’, ela continuava…
Passou por mim com um sorriso largo. A chuva molhava seu rosto sereno, suas roupas e, suspeito eu, inundava também sua alma.
Dias de chuva sempre me pareceram tristes, minha amiga… Até hoje.
Porque ela passou por mim molhada, sorrindo. E eu, antes escondida da água, abri-me para o céu e um pouco mais para ti, Vida.
E saí rodopiando…
Rodopiando…
Rodopiando…
Frida Popp não gosta (e não sabe) de definições