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(Ilustração: Klévisson Viana)
João Ernesto
Saiu de casa balançando os braços e a preguiça que quis o deixar dormindo mais um pouco estava em seus passos lentos. Menino magrelo, face apática. Parou no carrinho e comprou uma tapioca, “com queijo por favor”, ainda por cima um café e dois copinhos, ele esfriou colocando o conteúdo de um copinho para outro repetidas vezes.
Café morno e a boca do menino branca de leite de coco, apressou o passo por causa do café, engoliu a tapioca sem muita dificuldade, passou a mão na boca, no cabelo, repuxou a camisa sem estampa para baixo e bateu a porta daquela casa no início daquela rua. Como de praxe naquele ano, o menino, exatamente às 17:15, escolhia uma rua aleatória para entregar seus cartões coloridos para quem atender a porta.
Como o garoto sabia que não podia melhorar a vida de todos e também por ter consciência de seu escasso dinheiro, o menino produzia cartões suficientes para cada pessoa que atender a porta de cada casa em cada rua que ele escolhesse, com mais algumas palavras o menino desejava “bom amor” ao seu ouvinte que as vezes vinha de mau humor. Nada como um bom desejo pra melhorar o dia de alguém, e o menino tinha esse costume de querer melhorar o dia das pessoas a sua maneira e fazia disso seu prazer de fim de tarde.
João Ernesto acredita que as reticências ainda querem dizer muita coisa…