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a palavra é avermelhada
talvez carnívora e pouco reflorestada
vale mais extirpada
da terra do âmago
e do ventre esmirrado dos homens
a palavra é servida crua e explorada
ao pé de mesas de paubrasília
maracutaia estripada
estrupício estropiado
solimões, urucum,
cachaça de jambu
colorau guaraná
buriti pupunha
pirarucu tucunaré
a palavra é tinta genocida
e des-mancha facilmente o advérbio
pororocas levantando sangue de verbo
jorrando brasis sem modo,
com intensidade, lugar e tempo
e demasiada negação des-matada,
macunaíma desvairada.
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Jéssica Iancoski é escritora, poeta e artista plástica. Publicou em várias antologias e revistas, nacionais e internacionais. Teve o poema “Rotina Decadente” reconhecido pela Academia Paranaense de Letras, aos 16 anos de idade. É idealizadora do Toma Aí Um Poema – o maior podcast lusófono de declamação de poesias, segundo o Spotify – com mais de 40 mil ouvintes diferentes, ao longo do tempo. Nasceu em Curitiba em 10 de Fevereiro de 1996. É formada em Letras pela Universidade Federal do Paraná e em Psicologia pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná.
Contato www.jessicaiancoski.com | @Euiancoski