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Jadiel Lima
A alegria e emoção que a Copa traz não está nela em si, mas no gene da gente. A alegria “da Copa” não está no evento comercial, puramente econômico, financiador de empreiteiras, indústrias do capital. Porque alegria não se compra, não é palpável como os carros e motos que nos empurram como sonho.
Sem a torcida de bilhões de pessoas, que torce pelos atores-jogadores representantes das respectivas nações, não haveria alegria ou emoção. Muito menos a exploração dessa alegria em nome da FIFA, dos governos, dos empresários, dos anestesiados-políticos e da lógica do capital, capaz de inovar suas tecnologias diariamente ao mesmo tempo em que mantém tudo igual. Ou piora.
Ironicamente festa e exploração não estão dissociadas. Porque a cultura é feita de relações muito bem ligadas, enlinhadas. Então nossa crítica não deve se bastar num a favor ou contra. Talvez tenhamos aprendido a pensar como aprendemos a torcer por um time ou outro. A realidade não é assim. Devemos reconhecer portanto nossas heranças e potências culturais, dependentes do meio, portanto de suas hierarquias. Mas devemos também observar por qual jogada poderemos nos colocar um passo à frente — tornar menor nossa dependência a esses circos sombrios e continuar armando os nossos próprios circos — e fazer o gol.
Que a malemolência e sapiência que faltou à seleção, cuja criatividade pode ter sido entupida pela grana, não falte também às nossas vidas. E que não nos bastemos a poses e dribles, porque o juiz está comprado e, se não cuidarmos, levamos uma joelhada pelas costas e ficamos fora do jogo.
Jadiel Lima é estudante de jornalismo, cenopoeta e tem uma página de quadrinhos legal que só: https://www.facebook.com/Jadieltirinhasdele