29 agosto, 2019
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Os velhos comedores de passarinhos
Não conseguem assobiar sem cuspir os restos dos seus dentes.
Aguenta mais um pouco, só mais um pouco
Quando os pedaços dos ossos da boca começam a se soltar
É porque não conseguem mais mastigar os ossos
E os pássaros, livres das bocas
Hão de bico em bico
Assobios tão doces, quanto lúgubres.
Os passarinhos hão de cantar uma última vez
Quando o último velho desdentado
Morrer de fome, deitado em sua cama defecada,
Com uma suástica tatuada nas costas
Que mais parece uma cruz derretendo em sua bunda.
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João Ernesto – jernesto@revistaberro.com