801



0 Comentários



Por Vanessa Dourado

Pode a abstração expressar seus signos em nossos corpos, a impressão surreal de um olhar delator refletido no espelho. Expressa o pintor, em sua fuga, o desenho de sua própria alma atormentada.

Ninguém está seguro.

Aquele barco sobre a cama, náufrago de ilusões e perdido na tempestade, leva os sonhos para o fundo do oceano. Mergulhos insuficientes. Todos atentos; tantos, quantos.

Ninguém está seguro.

Mal o frio voltou, e as roupas, cansadas de esperar, já foram comidas pelas traças. A regulagem tóxica ajuda, mas a tóxica realidade paralisa. Todos paralisados.

Ninguém está seguro.

Há piratas no paraíso fiscal do mundo rupestre. “Sinto, logo resisto”, li em uma parede. Vão dizer que não é assim. Ora, quem é Kant para dizer que não?

Ninguém está seguro.

Vanessa Dourado é poetisa e feminista latino-americana


Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *