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Por Vanessa Dourado
Pode a abstração expressar seus signos em nossos corpos, a impressão surreal de um olhar delator refletido no espelho. Expressa o pintor, em sua fuga, o desenho de sua própria alma atormentada.
Ninguém está seguro.
Aquele barco sobre a cama, náufrago de ilusões e perdido na tempestade, leva os sonhos para o fundo do oceano. Mergulhos insuficientes. Todos atentos; tantos, quantos.
Ninguém está seguro.
Mal o frio voltou, e as roupas, cansadas de esperar, já foram comidas pelas traças. A regulagem tóxica ajuda, mas a tóxica realidade paralisa. Todos paralisados.
Ninguém está seguro.
Há piratas no paraíso fiscal do mundo rupestre. “Sinto, logo resisto”, li em uma parede. Vão dizer que não é assim. Ora, quem é Kant para dizer que não?
Ninguém está seguro.
Vanessa Dourado é poetisa e feminista latino-americana