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Por Airton Lima
Com a possibilidade da campanha de combate às drogas deixar de ser, entre outras possibilidades, um reles instrumento político em defesa de uma oferta exclusiva da bebida alcoólica, enaltecendo os malefícios das demais drogas em detrimento dos malefícios desta mercadoria, fica o dependente do psicoativo etanol “cortando prego” com a possibilidade de a ética chegar ao mercado e, consequentemente, transformá-lo em mais um criminoso, agora produtivo, a serviço de uma fabriqueta de joias num desses presídios criados pelo capitalismo.
Estas estão agravadas, pois que nas relações de poder, o fato de um indivíduo consumir uma determinada droga faz a diferença, de forma que, nas relações sociais, de caráter competitivo, ao mesmo tempo em que se fazem excludentes geram inúmeros conflitos pessoais e coletivos para a sociedade. Nestas condições, os profissionais ligados aos três poderes, ocupando posições e cargos nas mais diversas instituições e/ou entidades públicas e/ou privadas se sobrepõem socialmente aos consumidores das demais drogas. Assim sendo, a produção social da bebida alcoólica se faz proba de julgar e condenar judicialmente os consumidores das demais drogas.
Portanto, se a bebida alcoólica for juridicamente incluída como droga, nossa hipótese é de que tal fato desencadearia tensões e conflitos capazes de ameaçar a estabilidade do Estado. Por outro lado, mais precisamente nas celas excessivamente excessivas de excessos, temendo mais as leis do mercado que mesmo as leis divinas, que tanto tardam como falham, ficam as já vítimas desse mercado, preocupadas com tal possibilidade na evidência que se estabeleçam novos concorrentes ao desconto de pena.
Em se fazendo possível tal possibilidade, é bem provável que surja uma outra abordagem para a questão do mercado de droga, visto que tal possibilidade acarretaria grandes prejuízos, não só à moral católica, como aos investidores desse tipo de droga. Assim, é bem possível que essa possibilidade não passe de mais uma possibilidade. Mas como tudo é possível, é bem possível que se torne impossível que essa possibilidade deixe de ser possível.
Assim, na possibilidade de ser fazer possível, o provável é que o mercado e todos os seus mercadores refaçam, em defesa própria, o grande engodo que criaram ao estabelecer tais leis de mercado. De forma que surja a possibilidade de saírem juntos tanto os traficantes de drogas lícitas como os comerciantes de drogas ilícitas, numa nova campanha: por uma outra ética, a ética do livre mercado. Isto, evidentemente, se a possibilidade do consumidor livre se fizer possível.