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(Arte: Mandala Shakti, de Asas Para Cysne)
Por Cris Cysne
Quando entro em contato com minha energia criativa, entro em contato com minha própria natureza, pois sou um ser criador. Criando, utilizo meu poder original. Quando crio algo, entro em contato com minha verdadeira sabedoria interior, a sabedoria do meu eu ancestral, a sapiência da alma.
O ser que nasce com uma energia feminina, nasce também com uma natural tendência, de acordo com os estímulos ambientais, a captar o que há de mais sutil em si, no outro e no mundo. Entrar em contato com essas sutilezas é reconhecer o sagrado na vida diária e desenvolver uma profunda gratidão pelas maravilhas do mundo e pela delicada teia de interligação entre pessoas, coisas e natureza. Essa espiritualidade nata feminina serve de base para um compromisso (frequentemente mudo!) de defender nosso mundo dos ataques da cobiça e da violência, pois reconhecemos que a intimidade autêntica é baseada no respeito e no amor, e isso, sim, é a medida de uma vida bem vivida.
A sensibilidade de reconhecer a natureza cíclica da vida vem dos nossos próprios sistemas internos de ciclos, sistemas estes tantas vezes considerados desvios de normas (em comparação com o sistema masculino), mas que em realidade são especialidades valorosas, que conseguem captar que toda lua cheia tem de minguar a completa escuridão, e que nenhum ser natural está a salvo disso.
Aceitando essa realidade, somos presenteadas, após uma breve escuridão, com o desenvolver da luz, que chegará mais uma vez ao seu ápice de brilho e iluminação. Aceitar a natureza cíclica, mandálica, não apenas nossa, mas de tudo que é vivo, nos dá humildade para reconhecer as interrelações de tudo que existe; que sou parte fundamental do todo, assim como todas as outras partes são igualmente fundamentais, pois todas estão posicionadas esfericamente, a uma mesma distância do centro.
Se somos seres criadores, criamos nossa realidade. Se criamos nossa realidade, somos capazes de recriá-la a partir da real noção de nossa verdadeira natureza: a divina. Voltar-se para o centro é conectar-se com o que é duradouro e eterno: a verdade. Olhar para dentro é mergulhar na eternidade da nossa natureza cíclica, captando ao longo dos tempos nossas inúmeras luas cheias e novas. Nossa completa luz e nossa completa treva. Duas faces, uma mesma moeda. Oh, mulher! Desperta! Tu és cíclica, mandálica, criativa, eterna e divina!
Cris Cysne é artista por vocação, publicitária por formação, viajante por convicção e uma eterna grata a arte das mandalas