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Por João Ernesto
Ontem ainda tá passando em mim
Toda hora que se vive ainda passa
E eu caminho pela cidade
Sem notar muito na vaidade das marquises
Ontem engoliu a lua e você ainda não passou em mim
Ficou essa tatuagem que me enrola a pele
Esse cheiro de corpo que bebe todo suor
Essa pele oleosa e esse sabor de sal
Cal que emparelha o labor e o cansaço
Ontem era um dia mais
E esse riso e esse gozo que não tem mais fim
Deixa um caco de vidro no meio do pé
Que transforma todo pensamento em atalho,
Em quem não existiu
Se não fosse ontem
Ontem passou e seria só mais um dia
Se não fosse ontem
Essa viagem em boleia de caminhão,
Descida em carrinho de rolimão
Ventura de um dia que só seria
Se fosse ontem.
João Ernesto acredita que as reticências ainda querem dizer muita coisa…