Recortes de fim de tarde



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(Foto: Revista Berro)

João Ernesto

e de tarde
e benfica
e cai a tarde
no benfica.
meu bem
quem bem fica
não precisa ir embora
na melhor hora,
essa em que
choram homens
mulheres e meninos,
eu bem vou ficar
pra esperar o sol se
posicionar
entre mim e o horizonte
e esse pesar gigante
que faz a gente quase parar
pode cair, ir embora
quando a gente pensar
que a hora é de amor.
é agora
quando o sol alaranjar.
vou falar ao padeiro
que ele tem que cortar aquele bigode
e o futuro é pra quem pode
em nada pensar
quando a aurora virar
minha cabeça
dentro de mim
eu sempre vou pensar
nas respostas que nem estão por vir
e que inquieta
quem se diz poeta
numa completa
quebra
do turbilhão
do pensar difícil
do meu sifílico modo de enxergar,

a minha saudade…

vem com aquele sol se pondo…

.

Eu sempre me pergunto…

e nunca me respondo.

Sei que erro o erro dos humanos, mas nunca me sinto parte deles…

nessa hora, que a terra cora e Caetano canta pra não morrer de tristeza

é na sutileza que eu escorrego.

Se eu erro e não nego

é porque me entrego

ao alaranjado daquele sol,
à distância entre mim e o horizonte,

ao findar a tarde
vou ter esperança nas noites frias e solitárias
fazendo do clichê um detalhe,
da vida uma incerteza

vou depurar o tempo,
pra que ele nunca me pese sobre as costas.

João Ernesto acredita que as reticências ainda querem dizer muita coisa…


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