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{"id":6969,"date":"2021-08-11T08:20:59","date_gmt":"2021-08-11T11:20:59","guid":{"rendered":"http:\/\/revistaberro.com\/?p=6969"},"modified":"2021-08-02T18:30:24","modified_gmt":"2021-08-02T21:30:24","slug":"batismos-de-morte-e-o-ethos-do-trabalho-nas-relacoes-criminais-parte-i","status":"publish","type":"post","link":"https:\/\/revistaberro.com\/series\/antropologiadocrime\/batismos-de-morte-e-o-ethos-do-trabalho-nas-relacoes-criminais-parte-i\/","title":{"rendered":"Batismos de morte e o ethos do trabalho nas rela\u00e7\u00f5es criminais (parte I)"},"content":{"rendered":"
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(Ilustra\u00e7\u00e3o: Uli Batista)<\/figcaption><\/figure>\n

No seu livro sobre a m\u00e1fia siciliana, o soci\u00f3logo italiano Diego Gambetta descreve o ritual para o ingresso na organiza\u00e7\u00e3o mafiosa do sul da It\u00e1lia. Com algumas varia\u00e7\u00f5es, o rito \u00e9 mais ou menos o seguinte: em um ambiente solene e austero, com diversos integrantes da m\u00e1fia, o novi\u00e7o tem seu dedo furado com uma agulha por seu \u201cpadrinho\u201d, e seu sangue \u00e9 passado em uma imagem sacra, geralmente de algum santo popular italiano. Depois, guiado pelos mafiosos em rela\u00e7\u00e3o \u00e0s palavras que deve proferir \u2013 sempre na l\u00edngua italiana \u2013, o iniciante ent\u00e3o presta um juramento sobre a imagem sagrada ensanguentada, enquanto ela \u00e9 queimada com a chama de uma vela. O juramento gira em torno de fidelidade \u00e0 organiza\u00e7\u00e3o e aos companheiros: \u201c[La cosa nostra] est\u00e1 antes que nada: nuestra familia de sangre, nuestra religi\u00f3n, nuestro pa\u00eds\u201d. Pronto, agora o novato est\u00e1 batizado e \u00e9 ent\u00e3o aclamado compare<\/em>.<\/p>\n

As fac\u00e7\u00f5es brasileiras, mesmo as mais antigas e de atua\u00e7\u00e3o nacional como o Comando Vermelho (CV) e o Primeiro Comando da Capital (PCC), ainda n\u00e3o t\u00eam a estrutura imperial das m\u00e1fias napolitanas e sicilianas enquanto organiza\u00e7\u00f5es incrustadas de maneira umbilical com as inst\u00e2ncias do estatismo, tampouco contam com a expertise da \u201cind\u00fastria de prote\u00e7\u00e3o privada\u201d que estas m\u00e1fias acionam. At\u00e9 mesmo o batismo ocorre de maneira informal e <\/span>n\u00e3o<\/span><\/i> ritualizada<\/span><\/i>, \u00e9 feito muitas vezes pelas redes sociais da internet. Pango me conta como foi sua entrada na FDN:<\/span><\/p>\n

Foi um chapa meu a\u00ed, que me indicou pra eu ir l\u00e1 fechar com os cara, falar com os cara. Os cara l\u00e1 s\u00e3o barra pesada mesmo. Por exemplo, a droga num d\u00e1 nem pra quem quer, eles sempre quer \u201cn\u00e3o, vamo tomar aquela favela acol\u00e1\u201d… \u00e9 assim que eles visa mah… come\u00e7a por um, eles sempre pega o cabe\u00e7a, que comanda,\u00a0 a\u00ed o cabe\u00e7a j\u00e1 distribui, a\u00ed passa pra outro, e assim vai adiante\u2026 [E como \u00e9 o batismo?] Tem o estatuto, os 10 mandamento, manda s\u00f3 uma foto, os artigo [penais], pronto! A\u00ed essas fotos vai pros pilares, que a gente num sabe nem quem \u00e9, a\u00ed vai puxar a caminhada, se tem alguma proced\u00eancia errada, se tiver proced\u00eancia errada, tu num entra. Se tua caminhada for certa, a\u00ed tu j\u00e1 entra e eles fornece. O que tu apura tu manda, at\u00e9 tu chegar no patamar deles.<\/span><\/p><\/blockquote>\n

H\u00e1 uma diferen\u00e7a na maneira como se ingressa entre uma organiza\u00e7\u00e3o da m\u00e1fia italiana e uma fac\u00e7\u00e3o brasileira. Parece-me que os grupos italianos prezam por manter uma apar\u00eancia que conserva sua \u00e1urea de <\/span>sociedade secreta<\/span><\/i>. \u00c0s falanges brasileiras, interessa mesmo \u00e9 ampliar seu quadro de soldados, capilarizar sua presen\u00e7a nos centros urbanos. <\/span><\/p>\n

Das fac\u00e7\u00f5es que est\u00e3o hoje no Cear\u00e1, de acordo com dados do meu trabalho de campo, infiro que quem mais mant\u00e9m uma perspectiva conservadora em rela\u00e7\u00e3o ao ingresso aleat\u00f3rio de novos membros \u00e9 o PCC. N\u00e3o \u00e0 toa, o CV e a Guardi\u00f5es do Estado (GDE) sejam atualmente os grupos que mais batizem part\u00edcipes no Estado. Para fazer o \u201cbatismo\u201d, \u201co avi\u00e3o tem que ter um padrinho (que j\u00e1 perten\u00e7a \u00e0 falange), que bota a droga e o dinheiro na m\u00e3o dele e diga: \u2018esse aqui \u00e9 meu\u2019\u201d.\u00a0<\/span><\/p>\n

Rapos\u00e3o, que est\u00e1 h\u00e1 cinco anos na organiza\u00e7\u00e3o carioca, afirma que \u201cquem \u00e9 do CV tem que ser exemplo para a massa carcer\u00e1ria\u201d, diz, numa vis\u00e3o encantada a partir de sua experi\u00eancia. Ao longo desse tempo no grupo, j\u00e1 tem nove \u201cafilhados\u201d: <\/span><\/p>\n

\u201c<\/span>\u00c9 uma rela\u00e7\u00e3o de pai e filho<\/span><\/i>, voc\u00ea tem que ver se o cara \u00e9 respons\u00e1vel, se vai cumprir com tudo direitim, porque, se n\u00e3o, tudo o que ele fizer de errado, eu vou ser punido por isso, entendeu?\u201d. <\/span><\/p><\/blockquote>\n

O \u201cpadrinho\u201d geralmente disponibiliza armas, drogas e ve\u00edculos para seus afilhados realizarem atividades criminosas, como tr\u00e1fico e assaltos. A partilha \u00e9 meio a meio, ou, na oralidade de Rapos\u00e3o, \u201cmachado de assis\u201d [ele diz junto com o gesto de um machado cortando algo pela metade]. Rapos\u00e3o d\u00e1 mais detalhes da forma como v\u00ea a organiza\u00e7\u00e3o do<\/span>\u00a0CV:<\/span><\/p>\n

\u201cCara, o Comando Vermelho \u00e9 uma fam\u00edlia, entendeu? \u00c9 uma s\u00f3, l\u00f3gico que tem os peixe grande, os peixe pequeno, os corre de ganso, tem os atrasa lado\u2026 [Voc\u00eas t\u00eam rela\u00e7\u00e3o com os cara l\u00e1 do Rio?] Tem, no <\/span>Whatsapp<\/span><\/i>, s\u00f3 n\u00e3o os outros dois finais [os \u00faltimos na hierarquia], que t\u00e3o no [pres\u00eddio] federal. Os que t\u00e3o no federal t\u00eam os porta voz, que \u00e9 a mulher dele e o advogado, entendeu? Que passa toda a informa\u00e7\u00e3o pra eles, e a\u00ed eles d\u00e3o a resposta. Funciona do mesmo jeito, s\u00f3 que \u00e9 um pouco mais lento, n\u00e9? Mas aqui o final do Cear\u00e1 \u00e9 o [X] e o [Y], esses s\u00e3o os finais do Cear\u00e1. S\u00e3o humilde, a gente troca ideia assim como eu t\u00f4 trocando com voc\u00ea, se eu for pras \u00e1rea deles, [ligo pra eles:]\u201cMerm\u00e3o t\u00f4 aqui e tal\u201d, vai me buscar, manda um t\u00e1xi me buscar, <\/span>\u00e9 uma fam\u00edlia, os que s\u00e3o criminoso de verdade s\u00e3o uma fam\u00edlia<\/span><\/i>, da\u00ed a facilidade de eu chegar, t\u00e1 passando por um determinada situa\u00e7\u00e3o: \u201cT\u00f4 precisando de tr\u00eas bico, umas quatro PT, e duns carro clonado\u201d. A\u00ed os cara s\u00f3 arquiteta como \u00e9 que a gente vai fazer pra ir buscar, a gente vai buscar, e traz e j\u00e1 era. Agora, coisa s\u00e9ria, n\u00e9? Da\u00ed a intelig\u00eancia de criar a organiza\u00e7\u00e3o que tem conselheiro, tesoureiro, plano de sa\u00fade pra mim e pro meus filho\u2026 [Quanto \u00e9 que tu paga?] Eu pago 100 reais por m\u00eas. [Ei, [Rapos\u00e3o], e paga a quem?] Tem uns tesoureiros. [A\u00ed eles recolhem aonde?] A\u00ed eles repassam uma conta de um laranja, a\u00ed voc\u00ea vai numa lot\u00e9rica, em qualquer lugar, deposita naquela conta. [Mas] todo m\u00eas muda [a conta]\u201d.<\/span><\/p>\n

Percebi, no dia em que conversei com Rapos\u00e3o, uma <\/span>encantada<\/span><\/i> idealiza\u00e7\u00e3o do CV. \u00c9 como se, de repente, ao adentrarem as favelas cearenses, as fac\u00e7\u00f5es passassem a construir uma narrativa especial em torno de seu modo de opera\u00e7\u00e3o.<\/i><\/span>\u00a0Como eram maneiras in\u00e9ditas de operacionalizar as rela\u00e7\u00f5es criminais nas comunidades cearenses, o revestimento de <\/span>novidade<\/span><\/i> tem uma for\u00e7a simb\u00f3lica que gruda nas paredes da subjetividade dos seus novos integrantes. Houve uma explos\u00e3o de \u201cbatismos\u201d nos \u00faltimos seis, sete anos no Cear\u00e1. O contato com \u201cbandidos\u201d de outros estados e, em alguns casos, o fluxo de movimenta\u00e7\u00e3o a estes lugares para buscar armas e drogas \u00e9 tamb\u00e9m um fator motivador a estas ades\u00f5es.<\/span><\/p>\n

Um caso de ascens\u00e3o mete\u00f3rica nas pr\u00e1ticas criminais<\/strong><\/h2>\n

Rapos\u00e3o \u00e9 um deles, de quem tenho falado tanto nesse trabalho. Vou contar um brev\u00edssimo relato sobre ele. Rapos\u00e3o e eu somos amigos h\u00e1 aproximadamente quinze anos. Temos idades pr\u00f3ximas, na casa dos trinta e pouco. Nessa trajet\u00f3ria, compartilhamos muitos momentos de intera\u00e7\u00e3o desde a adolesc\u00eancia, seja consumindo drogas l\u00edcitas e il\u00edcitas, frequentando casas de <\/span>show<\/span><\/i> de reggae e de \u201cforr\u00f3 da favela\u201d, jogando futebol na pra\u00e7a do bairro, batendo papo nas cal\u00e7adas, etc. Desde essa \u00e9poca, ele sempre fez pequenas incurs\u00f5es criminosas: um descuidista nato, de \u201cm\u00e3o leve\u201d, em determinadas \u00e9pocas era \u201cavi\u00e3o\u201d de outros traficantes, e algumas vezes roubava s\u00f3 na \u201csugesta\u201d (sem arma) alguns <\/span>playboys<\/span><\/i> no bairro e tamb\u00e9m na sa\u00edda de festas das camadas altas e m\u00e9dias da cidade. Entrecortava essas atividades criminais com o trabalho assalariado: foi servente de pedreiro, ferreiro armador, escalou degraus no ramo da constru\u00e7\u00e3o civil e tornou-se mestre de obras, trabalhou como cozinheiro num clube social da classe m\u00e9dia fortalezense, fez curso de t\u00e9cnico de manuten\u00e7\u00e3o em m\u00e1quina pesada e controle de contamina\u00e7\u00e3o de m\u00e1quinas e equipamentos: \u201cSempre fui assim, muito inteligente, tudo o que eu ia fazer, eu procurava o melhor aproveitamento poss\u00edvel, pra ser o melhor no que eu tava fazendo, entendeu? [Mas] sa\u00ed desses empregos por conta de v\u00edcio, o v\u00edcio me fazia ser irrespons\u00e1vel\u201d.<\/span><\/p>\n

Em agosto de 2013, o momento de ruptura com a vida de viciado, de \u201cnoia\u201d, e o ponto de muta\u00e7\u00e3o para a ascens\u00e3o mete\u00f3rica nas rela\u00e7\u00f5es criminais. Numa das muitas depress\u00f5es que o consumo de crack lhe gerou, ele conta que orou e pediu a deus for\u00e7as para nunca mais usar nenhum tipo de entorpecente. Desde esse dia, n\u00e3o usou mais drogas, inclusive abstin\u00eancia de \u00e1lcool, com exce\u00e7\u00e3o de uma \u201creca\u00edda\u201d no carnaval de 2016 quando cheirou \u201clol\u00f3\u201d. Come\u00e7ou a levar drogas, principalmente coca\u00edna, para vender em festas de <\/span>reggae<\/span><\/i> na cidade. A atividade come\u00e7ou a gerar lucros. Bons lucros. Passou a trabalhar para Pango e Boina. Era o principal revendedor de drogas deles, uma vez que levava as subst\u00e2ncias at\u00e9 as camadas m\u00e9dias da cidade. Mas foi na \u201c\u00e9poca da guerra\u201d que Rapos\u00e3o tornou-se \u201cconsiderado\u201d. A \u201cguerra\u201d em quest\u00e3o foi uma disputa entre criminosos da Vila Cazumba e do Tancredo Neves, que come\u00e7ou com a morte do irm\u00e3o de Pango e Boina por um \u201ctraficante\u201d do Tancredo. Rapos\u00e3o al\u00e7ou fama nesse momento.<\/span><\/p>\n

Foi justamente no momento da ascens\u00e3o das fac\u00e7\u00f5es nas favelas cearenses, entre 2014 e 2015, que a biografia de Rapos\u00e3o se cruza com esta reconfigura\u00e7\u00e3o no modo de opera\u00e7\u00e3o das rela\u00e7\u00f5es criminais no Estado. Em efeito \u201cbola de neve\u201d, de acordo com suas palavras, Rapos\u00e3o abra\u00e7ou definitivamente a cren\u00e7a na atividade criminal como meio de vida: assaltos a mans\u00f5es, a casas lot\u00e9ricas e lojas, latroc\u00ednios, tr\u00e1fico de armas e narcotr\u00e1fico interestadual. Em pouco mais de dois anos, galgou posi\u00e7\u00f5es na hierarquia das rela\u00e7\u00f5es criminais, e passou de \u201cladr\u00e3o de galinha\u201d para \u201cpatr\u00e3o\u201d de um territ\u00f3rio no GTN. Carros clonados, armas possantes, grande quantidade de drogas, casas alugadas em nome de \u201claranjas\u201d. Bens conseguidos com as pr\u00e1ticas ilegais e \u00e0 disposi\u00e7\u00e3o para mais atividades criminosas. Como efeito da efic\u00e1cia simb\u00f3lica das fofocas nas rela\u00e7\u00f5es criminais, n\u00e3o custou muito para ser convidado a integrar o Comando Vermelho em sua antepen\u00faltima passagem pelo sistema prisional, com a promessa de que um advogado da organiza\u00e7\u00e3o conseguiria em pouco tempo tir\u00e1-lo dali, desde que pagasse a contribui\u00e7\u00e3o mensal de cem reais.<\/span><\/p>\n

Ap\u00f3s ser novamente preso no primeiro semestre de 2017, ap\u00f3s um assalto a uma casa lot\u00e9rica em Acarape, regi\u00e3o metropolitana de Fortaleza, e novamente libertado, Rapos\u00e3o me contou que \u00e0 \u00e9poca dez \u201cladr\u00f5es\u201d trabalhavam para ele, bem como comandava sete \u201cbocadas\u201d, duas em Acarape, cidade da Regi\u00e3o Metropolitana de Fortaleza (RMF), e cinco no Grande Tancredo Neves GTN). Das sete, apenas duas estavam em pleno funcionamento, porque Rapos\u00e3o, que no per\u00edodo da nossa conversa tinha sa\u00eddo pouco tempo antes do pres\u00eddio, temia ainda estar sendo investigado pela Coordenadoria de Intelig\u00eancia (Coin) e pela Delegacia de Narc\u00f3ticos (Denarc).<\/span><\/p>\n

\/\/\/<\/p>\n

Continuamos na pr\u00f3xima semana.\u00a0<\/em><\/p>\n

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A s\u00e9rie\u00a0Antropologia do crime no Cear\u00e1<\/strong><\/a><\/span>\u00a0\u00e9 publicada semanalmente no #siteberro. Clique nos links abaixo para acessar os textos anteriores.\u00a0<\/em><\/p>\n

artur@revistaberro.com \/ revistaberro@revistaberro.com<\/p>\n

i.\u00a0A dimens\u00e3o \u00e9tica na pesquisa de campo<\/a><\/em><\/p>\n

ii.\u00a0Pesquisando o \u201cmundo do crime\u201d e inserindo-se no \u201ccampo\u201d<\/a><\/em><\/p>\n

iii.<\/em>\u00a0Grande Tancredo Neves: forma\u00e7\u00e3o dos territ\u00f3rios<\/em><\/a><\/p>\n

iv.<\/em>\u00a0As rela\u00e7\u00f5es sociais das camadas populares<\/em><\/a><\/p>\n

v.\u00a0A feira como arte da oralidade popular<\/a><\/em><\/p>\n

vi.<\/em>\u00a0O favel\u00eas cearense<\/em><\/a><\/p>\n

vii.<\/em>\u00a0Estabelecidos e outsiders: a favela dentro da favela<\/em><\/a><\/p>\n

viii<\/em>.\u00a0\u201cTrabalhadores\u201d e \u201cbandidos\u201d: entre separa\u00e7\u00f5es e aproxima\u00e7\u00f5es<\/a><\/em><\/p>\n

ix.\u00a0Sistema de rela\u00e7\u00f5es sociais do crime: uma rede de a\u00e7\u00f5es criminais hier\u00e1rquicas<\/a><\/em><\/p>\n

x.\u00a0\u201cO dinheiro fala mais alto, [com ele] se torna mais f\u00e1cil de fazer justi\u00e7a\u201d: A viol\u00eancia do aparelho judici\u00e1rio<\/a><\/em><\/p>\n

xi.<\/em>\u00a0\u201cN\u00e3o confio na pol\u00edcia\u201d: A rela\u00e7\u00e3o de descren\u00e7a entre a classe trabalhadora e os policiais<\/em><\/a><\/p>\n

xii.\u00a0A economia da corrup\u00e7\u00e3o que move a rela\u00e7\u00e3o entre pol\u00edcia e \u201cbandidos\u201d<\/a><\/em><\/p>\n

xiii.\u00a0\u201cO crime nunca vai acabar por causa da pol\u00edcia\u201d: a participa\u00e7\u00e3o policial decisiva nas rela\u00e7\u00f5es criminais<\/a><\/em><\/p>\n

xiv.\u00a0Tecnopol\u00edtica da puni\u00e7\u00e3o: A fun\u00e7\u00e3o econ\u00f4mica do encarceramento<\/a><\/em><\/p>\n

xv.\u00a0Estado punitivo-penal e a produ\u00e7\u00e3o social da delinqu\u00eancia<\/a><\/em><\/p>\n

xvi<\/em>.\u00a0\u201cCadeia \u00e9 uma m\u00e1quina de fazer bandido\u201d<\/a><\/em><\/p>\n

xvii.\u00a0A \u201cescolha\u201d \u00e9 uma escolha? Compreendendo o ingresso nas rela\u00e7\u00f5es criminais<\/em><\/a><\/p>\n

xviii.\u00a0Consumo, dinheiro e sexo: a tr\u00edade hedonista da carreira criminal<\/a><\/em><\/p>\n

xix.\u00a0Traumas, complexos e a luta por reconhecimento (parte I)<\/a><\/em><\/p>\n

xx.\u00a0Traumas, complexos e a luta por reconhecimento (parte II)<\/a><\/em><\/p>\n

xxi.\u00a0\u201cFura at\u00e9 o colete dos homi\u201d: As armas como s\u00edmbolo dominante<\/em><\/a><\/p>\n

xxii.\u00a0Os c\u00f3digos morais da criminalidade favelada (parte I)<\/em><\/a><\/p>\n

xxiii.\u00a0Os c\u00f3digos morais da criminalidade favelada (parte II)<\/em>\u00a0<\/a><\/p>\n

xxiv.\u00a0\u201cM\u00e3ezinha\u201d: uma categoria local que p\u00f5e em suspens\u00e3o o ethos violento<\/em><\/a><\/p>\n

xxv.\u00a0\u201cPirangueiro\u201d, \u201ccabueta\u201d, \u201cboca de prata\u201d, \u201ccorre de ganso\u201d, \u201catrasa lado\u201d: compreendendo algumas categorias negativadas da moralidade criminal\u00a0<\/em><\/a><\/p>\n

xxvi.\u00a0\u201cO crack veio pra acabar com tudo\u201d: o noia como um \u201cz\u00e9 ningu\u00e9m\u201d<\/em><\/a><\/p>\n

xxvii.\u00a0\u201cVoc\u00ea conquista o respeito, voc\u00ea num imp\u00f5e\u201d: A lideran\u00e7a nas rela\u00e7\u00f5es criminais\u00a0<\/a><\/em><\/p>\n

xxviii.\u00a0As \u201cbrigas de trono\u201d: as disputas pelo comando territorial<\/em><\/a><\/p>\n

xxix.\u00a0Socialidade juvenil perif\u00e9rica em Fortaleza dos anos 1990\/2000: Dos bailes funks \u00e0s quadrilhas do tr\u00e1fico<\/em><\/a><\/p>\n

xxx.\u00a0Cr\u00f4nica de uma guerra entre quadrilhas de \u201ctraficantes\u201d<\/em><\/a><\/p>\n

xxxi.\u00a0O costume guerreiro da criminalidade pobre<\/a><\/em><\/p>\n

xxxii.\u00a0Traficante \u00e9 aquele que nem pega na droga<\/em><\/a><\/p>\n

xxxiii.\u00a0O assaltante como um n\u00f4made das pr\u00e1ticas criminais<\/em><\/a><\/p>\n

xxxiv.\u00a0\u201cO cara num nasceu pra viver no crime o resto da vida n\u00e3o\u201d<\/em><\/a><\/p>\n

xxxv.\u00a0Uma tentativa de di\u00e1logo entre a \u201cvida nua\u201d e a crueldade<\/em><\/a><\/p>\n

xxxvi.\u00a0A efic\u00e1cia simb\u00f3lica das fac\u00e7\u00f5es<\/em><\/a><\/p>\n

xxxvii.\u00a0O contexto s\u00f3cio-hist\u00f3rico e operacional das fac\u00e7\u00f5es no Cear\u00e1<\/em><\/a><\/p>\n

xxxviii.\u00a0Guardi\u00f5es do Estado: uma fac\u00e7\u00e3o cearense com pretens\u00f5es nacionais<\/em><\/a><\/p>\n

xxxix. Esse neg\u00f3cio de gangue acabou-se: considera\u00e7\u00f5es sobre a paz<\/em><\/a><\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"

No seu livro sobre a m\u00e1fia siciliana, o soci\u00f3logo italiano Diego Gambetta descreve o ritual para o ingresso na organiza\u00e7\u00e3o mafiosa do sul da It\u00e1lia. 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