(Fotos: Felipe Camilo\/Projeto “Vendido”<\/em>)<\/p>\n Com a interven\u00e7\u00e3o urbana VENDIDO<\/em>, o artista urbano Andr\u00e9 Lopes prop\u00f5e, principalmente, uma discuss\u00e3o sobre o p\u00fablico e o privado nas grandes cidades (tomando como mote Fortaleza\/CE), e lan\u00e7a a reflex\u00e3o sobre o processo predat\u00f3rio de especula\u00e7\u00e3o imobili\u00e1ria, tendo, como resultado final, a transforma\u00e7\u00e3o de placas publicit\u00e1rias de \u201cvende-se\/aluga-se\u201d em casas de passarinho, \u201cdistorcendo e reconstruindo a mensagem e o objetivo para o qual as placas \u00a0foram constru\u00eddas\u201d, diz o artista.<\/p>\n Para montar a interven\u00e7\u00e3o, as placas s\u00e3o cortadas de modo que a jun\u00e7\u00e3o de suas partes forme as casinhas, n\u00e3o utilizando pregos, parafusos nem cola para a montagem, somente os encaixes feitos com o corte. Em seguida, as placas publicit\u00e1rias, ou melhor, as \u201ccasinhas\u201d s\u00e3o devolvidas ao seu lugar de origem, completamente ressignificadas.<\/p>\n <\/p>\n \u201cEm VENDIDO<\/em>, apesar do risco de uma leitura r\u00e1pida sobre o trabalho, j\u00e1 que as propostas est\u00e3o inseridas numa paisagem ca\u00f3tica, existe tamb\u00e9m uma pot\u00eancia a partir do encontro com o inesperado. O mote da proposta parte do questionamento sobre como a cidade \u00e9 constru\u00edda a partir do fluxo de pessoas que est\u00e3o \u00e0 procura de um novo lugar para morar ou investir e como as empresas do setor de imobili\u00e1rio participam ou determinam esse fluxo. Numa escala micro: como os espa\u00e7os da cidade – sejam eles p\u00fablicos ou particulares – v\u00e3o sendo ocupados e desocupados, como a paisagem \u00e9 modificada com o crescimento e verticaliza\u00e7\u00e3o dos bairros, como a din\u00e2mica da vizinhan\u00e7a, seja pelos moradores ou pelos transeuntes, \u00e9 influenciada pela especula\u00e7\u00e3o imobili\u00e1ria e pelo crescimento urbano?\u201d, reflete o artista.<\/p>\n A vereda\u00a0das inquieta\u00e7\u00f5es<\/strong><\/p>\n As primeiras interven\u00e7\u00f5es foram realizadas pr\u00f3ximas \u00e0 resid\u00eancia de Andr\u00e9, no bairro Coc\u00f3, na capital cearense, em 2010. Depois, ele decidiu percorrer toda a cidade com as interven\u00e7\u00f5es, resultando na exposi\u00e7\u00e3o Perambular, Experimentar e Correr Perigo<\/em>, de 2012, espalhando mais de 100 casinhas de passarinho, que um dia tinham sido placas de \u201cvende-se\/aluga-se\u201d (veja aqui o mapa com fotos e localiza\u00e7\u00e3o<\/a>).<\/p>\n No ano passado (2015), o artista participou do Festival Internacional de Arte Urbana Concreto<\/em>, em Fortaleza (CE), com um mapeamento dos pr\u00e9dios abandonados da capital atrav\u00e9s da afixa\u00e7\u00e3o das casinhas nos postes vizinhos \u00e0s constru\u00e7\u00f5es (esse projeto, frisa, ainda est\u00e1 sendo desenvolvido –\u00a0mapa com fotos e localiza\u00e7\u00e3o<\/a>). Andr\u00e9 ressalta que seu trabalho mais recente \u201cchama a aten\u00e7\u00e3o para esses lugares esquecidos, aparentemente abandonados, espa\u00e7os de mem\u00f3ria e de hist\u00f3ria que, apesar de j\u00e1 terem servido para in\u00fameras fun\u00e7\u00f5es, hoje s\u00e3o espa\u00e7os desocupados\u201d.<\/p>\n Para o artista urbano, s\u00e3o in\u00fameras as formas de interagir e intervir no espa\u00e7o p\u00fablico, prioritariamente na rua, e n\u00e3o necessariamente com inten\u00e7\u00e3o art\u00edstica: \u201cvai desde o graffiti, stencil, sticker, passando pelas placas publicit\u00e1rias, cartazes, montras de loja, chegando at\u00e9 ao papel deixado no passeio, \u00e0s placas de sinaliza\u00e7\u00e3o de tr\u00e2nsito, entre outras possibilidades\u201d.<\/p>\n Para saber mais sobre o projeto VENDIDO<\/em><\/strong>: \u00a0http:\/\/culturadigital.br\/vendido\/<\/a><\/p>\n