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{"id":118,"date":"2013-10-30T17:41:13","date_gmt":"2013-10-30T20:41:13","guid":{"rendered":"http:\/\/revistaberro.com\/?p=118"},"modified":"2017-10-09T16:35:55","modified_gmt":"2017-10-09T19:35:55","slug":"ode-a-loucura-e-ao-vandalismo","status":"publish","type":"post","link":"https:\/\/revistaberro.com\/colunas\/impressoesmundanas\/ode-a-loucura-e-ao-vandalismo\/","title":{"rendered":"Ode \u00e0 loucura e ao vandalismo!"},"content":{"rendered":"

(Ilustra\u00e7\u00e3o: Banksy<\/em>)<\/p>\n

Por Artur Pires<\/em><\/strong><\/p>\n

As coisas n\u00e3o caminham muito bem. O mundo anda \u00e0s avessas, an\u00f4malo, de embrulhar o est\u00f4mago. Dia desses tr\u00eas garotas, crian\u00e7as, tentaram assaltar uma mulher na Praia do Futuro, em Fortaleza. Uma delas esfaqueou a v\u00edtima. Queriam dinheiro para comprar roupas de grife e drogas. Elas, as crian\u00e7as, n\u00e3o t\u00eam dinheiro, tampouco roupas de grife. Mas a sociedade grita a todo instante que elas precisam vestir-se assim e assado para que sejam aceitas, incorporadas, admitidas \u00e0 vida social. O que elas fazem, ent\u00e3o? V\u00e3o atr\u00e1s de satisfazer o desejo, o fetiche consumista na marra, na faca, literalmente! A\u00ed os arautos do pavor e os jornalistas c\u00ednicos promovem um linchamento verbal contra as crian\u00e7as. Esquecem, ou melhor, escondem os reais motivos que as levam a praticarem tais atos: a sociedade do consumo e seus padr\u00f5es de comportamento fetichizantes. Apegam-se a solu\u00e7\u00f5es reducionistas e fascistas (redu\u00e7\u00e3o da maioridade penal e \u201cbandido bom \u00e9 bandido morto\u201d), que em nada v\u00e3o contribuir para mudar esse quadro.<\/p>\n

As coisas n\u00e3o caminham nada bem. Crian\u00e7as pobres esfaqueiam pessoas, n\u00e3o brincam mais: fazem malabarismos nos sinais \u2013 n\u00e3o por brincadeira, mas porque t\u00eam a obriga\u00e7\u00e3o de levar o \u201cde comer\u201d para casa -, reclamam fome com olhos desesperan\u00e7osos. T\u00e3o novas e a esperan\u00e7a de dias melhores j\u00e1 lhes escapa. A sociedade normaliza tudo isso. Voc\u00ea se lembra da \u00faltima vez que viu uma dessas crian\u00e7as? Sim, ver mesmo, conversar, senti-la, saber de onde vem, para onde vai, o que pensa da vida… Geralmente, a sociedade n\u00e3o as v\u00ea; protegida por tr\u00e1s dos vidros dos carros, a classe m\u00e9dia passeia os olhos sobre elas superficialmente, co\u00e7a os bolsos, joga uma moeda e se vai!<\/p>\n

As coisas n\u00e3o v\u00e3o indo bem. A pol\u00edcia passa o sarrafo nos manifestantes. Mas, nos jornais, as vidra\u00e7as quebradas dos bancos valem mais a manchete do que o sangue que jorra dos que protestam. \u00c9 preciso, para a imprensa convencional, deslegitimar as manifesta\u00e7\u00f5es. Ela, a m\u00eddia, tem medo do povo nas ruas. \u00c9 mais importante, para a m\u00eddia empresarial, defender a todo custo a \u201csagrada propriedade privada\u201d. Se une \u00e0 pol\u00edcia e, em un\u00edssono, transmitem uma vers\u00e3o \u00fanica: vandalismo! Sua narrativa \u00e9 uma s\u00f3! Na sociedade atual, boatos da m\u00eddia e da pol\u00edcia adquirem, de imediato, o peso indiscut\u00edvel de provas hist\u00f3ricas seculares. \u201cA imbecilidade acha que tudo est\u00e1 claro quando a televis\u00e3o mostra uma imagem bonita, comentada com uma mentira atrevida. A aliena\u00e7\u00e3o do espectador em favor do objeto contemplado se expressa assim: quanto mais ele contempla, menos vive\u201d (Guy Debord, A sociedade do espet\u00e1culo<\/em>). Ou seja: uma imagem \u2013 manipulada \u2013 vale mais que mil palavras! Voltando ao quebra-quebra das ag\u00eancias banc\u00e1rias, Brecht indagava, muito tempo atr\u00e1s, antes mesmos do capitalismo financeiro, \u201co que \u00e9 roubar um banco comparado com fund\u00e1-lo?\u201d Essas institui\u00e7\u00f5es controlam, com uma efici\u00eancia de dar medo, as sociedades hoje em dia. Amontoam-se sobre lucros exorbitantes e riem da cara dos explorados. No Brasil, por exemplo, nos \u00faltimos doze meses, os banqueiros lucraram 59 bilh\u00f5es de reais, \u00e0 custa da explora\u00e7\u00e3o dos trabalhadores banc\u00e1rios e da pr\u00f3pria sociedade, por meio das taxas abusivas e da especula\u00e7\u00e3o financeira \u2013 dinheiro fict\u00edcio gerando mais dinheiro fict\u00edcio. \u201cA maior parte do capital de banco \u00e9 pois puramente fict\u00edcia. Conforme sua organiza\u00e7\u00e3o formal, o sistema banc\u00e1rio \u00e9 o produto mais artificial e mais desenvolvido do modo de produ\u00e7\u00e3o capitalista. Ao mesmo tempo, o banco e o cr\u00e9dito tornam-se o meio mais poderoso para estender a produ\u00e7\u00e3o capitalista para al\u00e9m de seus pr\u00f3prios limites, e um dos ve\u00edculos mais ativos das crises e da especula\u00e7\u00e3o\u201d (Karl Marx, O Capital<\/em>).<\/p>\n

As coisas caminham mal. A m\u00eddia empresarial faz o que quer com os fatos, os transforma, os distorce, revira-os de cabe\u00e7a para baixo, tudo em nome dos seus neg\u00f3cio$$. Quando se fala em regular e democratizar os meios de comunica\u00e7\u00e3o, ela brada raivosa que querem censur\u00e1-la. Balela! Diversos pa\u00edses no mundo t\u00eam \u00f3rg\u00e3os reguladores de comunica\u00e7\u00e3o social. N\u00e3o querer ser regulada \u00e9 querer sustentar o oligop\u00f3lio midi\u00e1tico. \u00c0 m\u00eddia golpista, n\u00e3o interessa a comunica\u00e7\u00e3o social para todos, mas o jornalismo de interesse, da troca de favores, do hip\u00f3crita tapinha nas costas, de manuten\u00e7\u00e3o do status quo, de atrelamento \u00e0 sociedade do espet\u00e1culo. Ela, a m\u00eddia venal, n\u00e3o discute sequer minimamente alternativas para um novo modelo de sociedade. Ela quer que as coisas continuem caminhando mal para a maioria, porque assim ela caminha num mar de rosas.<\/p>\n

\"Ilustra\u00e7\u00e3o:<\/a>
Ilustra\u00e7\u00e3o: Thyag\u00e3o\/O Povo<\/em><\/figcaption><\/figure>\n

As coisas v\u00e3o de mal a pior. Fortaleza chora, pois o Coc\u00f3 sangra. O prefeito e o governador impuseram, \u00e0 base da for\u00e7a policial, a constru\u00e7\u00e3o de um monstrengo de concreto no meio do parque ecol\u00f3gico. Os acampados, os her\u00f3icos fortalezenses que se dispuseram por tr\u00eas meses a ocupar o parque, foram dali retirados a balas de borracha e bombas de g\u00e1s (todo o apoio aos acampados do Coc\u00f3!). Os executivos municipal e estadual, em pleno ano de 2013, ainda pensam que progresso \u00e9 dar vez aos carros particulares. \u00c9 a ditadura do autom\u00f3vel! Para eles, construir viadutos \u00e9 mais importante do que preservar o verde. Os mesmos viadutos que um dia ir\u00e3o abrigar, embaixo de suas marquises, outras crian\u00e7as que reclamam fome e t\u00eam olhos de tristeza. Provavelmente vir\u00e3o dali perto, da comunidade dos trilhos. Pois ali, nos trilhos e nas comunidades circunvizinhas, Roberto Cl\u00e1udio e Cid n\u00e3o fizeram nada para mudar aquela realidade. Quer dizer, vamos ser justos, o governador pretende fazer sim: remover v\u00e1rias fam\u00edlias para abrir caminho ao VLT. \u00c9 a vida, a hist\u00f3ria de fam\u00edlias que se sentem pertencentes \u00e0quele lugar, dando passagem \u00e0 \u201cmodernidade cidista\u201d. O soci\u00f3logo franc\u00eas Guy Debord dizia\u00a0 que \u201co urbanismo \u00e9 a tomada de posse do ambiente natural e humano pelo capitalismo que, ao desenvolver sua l\u00f3gica de domina\u00e7\u00e3o absoluta, pode e deve agora refazer a totalidade do espa\u00e7o como seu pr\u00f3prio cen\u00e1rio\u201d. \u00c9 um urbanismo predat\u00f3rio, que se prop\u00f5e, com \u00edmpeto ferrenho, a isolar as pessoas, afast\u00e1-las das ruas, dos espa\u00e7os coletivos, das pra\u00e7as. Ainda segundo Debord, \u201cdo autom\u00f3vel \u00e0 televis\u00e3o, todos os bens selecionados pelo sistema espetacular s\u00e3o tamb\u00e9m suas armas para o refor\u00e7o constante das condi\u00e7\u00f5es de isolamento das \u2018multid\u00f5es solit\u00e1rias\u2019\u201d. Isso \u00e9 importante para a manuten\u00e7\u00e3o dessa ordem simb\u00f3lica.<\/p>\n

As coisas v\u00e3o indo muito mal. Uma subst\u00e2ncia como a cannabis sativa \u00e9 proibida socialmente e seu consumo \u00e9 tachado por esta mesma sociedade como marginal. Entretanto, mulheres seminuas sorriem e se exibem na tev\u00ea nos comerciais de cerveja em hor\u00e1rio nobre, quando in\u00fameras pesquisas cient\u00edficas j\u00e1 deixaram claro que o cigarro e o \u00e1lcool acarretam muito mais danos \u00e0 sa\u00fade do que a maconha. \u201cDesde pequeno voc\u00ea \u00e9 induzido a fumar, induzido a beber, ouvindo a tev\u00ea falar: diga n\u00e3o \u00e0s drogas, use camisinha e pare de brigar, mas beba muito \u00e1lcool at\u00e9 sua barriga inchar\u201d (A culpa \u00e9 de quem?<\/em> – Planet Hemp). Sabe por que isso acontece? Porque a ind\u00fastria da bebida tem um lobby<\/em> poderos\u00edssimo, com muita influ\u00eancia dentro da jogatina financeira internacional. Ademais, a hist\u00f3ria da criminaliza\u00e7\u00e3o da maconha tem total rela\u00e7\u00e3o com a criminaliza\u00e7\u00e3o da negritude e da pobreza. A erva foi proibida no Brasil, por volta dos anos 30 do s\u00e9culo passado, no mesmo contexto no qual foram proibidos o samba e a capoeira, porque eram costumes dos negros. \u201cOs negros j\u00e1 fumavam erva antes d\u00b4\u00c1frica deixar, mas os senhores proibiram por n\u00e3o quer\u00ea-los libertar, e os senhores de hoje em dia est\u00e3o proibindo tamb\u00e9m, se o pobre come\u00e7a a pensar parece que incomoda algu\u00e9m\u201d (A culpa \u00e9 de quem?<\/em> – Planet Hemp). A mesma l\u00f3gica serve para os Estados Unidos – pa\u00eds-s\u00edmbolo da ineficiente guerra \u00e0s drogas -, que proibiu a maconha em seu territ\u00f3rio porque seu uso estava bastante relacionado com os imigrantes mexicanos que cruzavam a fronteira.<\/p>\n

\"Conspira\u00e7\u00e3o<\/a>Enfim, enquanto a legaliza\u00e7\u00e3o n\u00e3o vem, a pol\u00edcia vai continuar comendo o troco dos traficantes nas favelas – os peixes pequenos desse com\u00e9rcio -, jovens, em maioria negros, v\u00e3o continuar se matando pelo controle da atividade nas comunidades, e os grandes tubar\u00f5es, aqueles que administram as rotas internacionais do tr\u00e1fico, v\u00e3o continuar rindo debochadamente da cara do mundo, acender\u00e3o seus charutos cubanos, tomar\u00e3o seu whisky escoc\u00eas, e se refestelar\u00e3o numa espregui\u00e7adeira de alguma praia paradis\u00edaca de \u00e1guas cristalinas pras bandas do \u00cdndico. Nessa sociedade, do consumo de apar\u00eancias, a m\u00e1fia encontrou seu espa\u00e7o, sente-se em casa. \u00c9 um engano, hoje em dia, tentar opor o Estado \u00e0s m\u00e1fias internacionais de drogas, de armas, do ramo imobili\u00e1rio, dos altos cargos pol\u00edticos, dos bancos, da ind\u00fastria do entretenimento, dos transportes, dos meios de comunica\u00e7\u00e3o. S\u00e3o farinhas do mesmo saco. Est\u00e3o profundamente enredados numa troca de favores permanente. Bras\u00edlia \u00e9 um exemplo cl\u00e1ssico de m\u00e1fia pol\u00edtica que se elege financiada por outras m\u00e1fias. Foucault, em seu ensaio As redes de poder<\/em>, diz que quando o capitalismo percebeu, l\u00e1 pelo s\u00e9culo XVIII, que muitas transa\u00e7\u00f5es estavam ocorrendo \u00e0 margem da legalidade, n\u00e3o tratou de p\u00f4r um fim a elas, mas sim de captur\u00e1-las para baixo das suas asas, lucrar tamb\u00e9m com os processos ilegais. O ilegalismo foi ent\u00e3o um dos respons\u00e1veis pelo desenvolvimento da sociedade capitalista. E \u00e9 ainda hoje! A ilegalidade das m\u00e1fias se integra ao movimento c\u00edclico que faz girar a roda-gigante da economia mundial. Mas tudo isso \u00e9 sorrateiramente cortinado. “Os piores criminosos tu nunca vai saber ao certo, d\u00e1 arrepio imaginar que quase nada \u00e9 descoberto” (At\u00e9 quando Brasil Col\u00f4nia?<\/em> \u2013 Oriente). Debord fala sobre isso ao afirmar que \u201co espet\u00e1culo fez trinfar o segredo\u201d. Ou seja, as m\u00e1fias internacionais, com ramifica\u00e7\u00f5es nos diversos pa\u00edses, se locupletam ininterruptamente, s\u00e3o profundamente c\u00famplices \u00e0 sociedade do consumo, conspiram sagazmente para o controle eterno, num jogo \u00e0s sombras, escondido, mas bastante eficiente. \u00c9 nesse sentido que Marx, n\u00b4O Capital<\/em>, diz que \u201cem cada pa\u00eds, os grandes industriais de um ramo determinado se agrupam em um cartel para regulamentar a produ\u00e7\u00e3o\u201d. \u201cAntigamente, s\u00f3 se conspirava contra a ordem estabelecida. Hoje, conspirar em causa pr\u00f3pria \u00e9 uma nova profiss\u00e3o em franco desenvolvimento. Sob a domina\u00e7\u00e3o espetacular, conspira-se para mant\u00ea-la e para garantir o que s\u00f3 ela pode chamar de seu bom andamento. Essa conspira\u00e7\u00e3o \u00e9 parte integrante de seu funcionamento\u201d (Guy Debord, A sociedade do espet\u00e1culo<\/em>).<\/p>\n

As coisas est\u00e3o indo pelo ralo. Pescadores est\u00e3o sendo expulsos de suas casas \u00e0 beira-mar para gringos constru\u00edrem resorts e depois explorarem a for\u00e7a de trabalho dos… pescadores. \u00cdndios s\u00e3o expulsos de suas terras para que ruralistas abocanhem latif\u00fandios para o plantio de soja e para que o Governo Federal construa hidrel\u00e9trica. \u201cOs \u00edndios dizimados pelo poder do Estado, hoje usando Nike<\/em> e por doen\u00e7as afetados\u201d (At\u00e9 quando Brasil Col\u00f4nia?<\/em> \u2013 Oriente). Moradores de favelas s\u00e3o submetidos a constrangimentos rotineiros, abordagens violentas, abusos, podendo at\u00e9 desaparecer por causas misteriosas ap\u00f3s serem recolhidos para uma averigua\u00e7\u00e3o policial. Se morarem onde funciona uma Unidade de Pol\u00edcia Pacificadora (UPP), o risco do desaparecimento aumenta consideravelmente.<\/p>\n

\"clube_da_luta\"<\/a>As coisas est\u00e3o indo para o fundo do po\u00e7o. O deus da \u00e9poca \u00e9 o consumismo. A deusa, a publicidade. Juntos, eles d\u00e3o as cartas nesse jogo de apar\u00eancias. A publicidade vende a ilus\u00e3o da felicidade, embrulhada e dissipada ao longo do ano nos dias das m\u00e3es, dos pais, das crian\u00e7as, dos namorados, p\u00e1scoa, natal, etc. Usa cada vez mais t\u00e9cnicas rebuscadas de condicionamento e fetiche. A liberdade e a ess\u00eancia humana escapam \u00e0s nossas m\u00e3os, pois v\u00e3o dando lugar ao aprisionamento \u00e0 l\u00f3gica do consumo e \u00e0 \u201cartificializa\u00e7\u00e3o\u201d da vida, ao movimento do n\u00e3o-vivo. Os shoppings centers s\u00e3o mais importantes que as pra\u00e7as de bairro. Os carros mais que os pedestres. O viaduto e a ponte sobre o Coc\u00f3 mais que o pr\u00f3prio Coc\u00f3. O dinheiro mais que tudo! Tudo isso \u00e9 normalizado por uma s\u00e9rie de c\u00f3digos e condutas s\u00f3cio-morais que v\u00e3o se introjetando sorrateiramente na psique coletiva das sociedades. Dessa forma, vive-se um totalitarismo, uma ditadura travestida de liberdade: a liberdade de \u2013 adivinha? – comprar!<\/p>\n

Aquele que n\u00e3o se conforma com as coisas como elas est\u00e3o, que n\u00e3o quer sentar \u201cno trono de um apartamento com a boca escancarada cheia de dentes esperando a morte chegar\u201d (Ouro de Tolo<\/em> – viva Raul!)\u00a0tampouco quer ficar \u201cem casa, guardado por deus, contando os seus metais” (Como nossos pais – \u00a0Belchior),\u00a0e, principalmente, que milita para que elas mudem, \u00e9 \u201ccoisificado\u201d como louco ou \u2013 palavra da moda – v\u00e2ndalo. Contudo, ser tachado de louco ou v\u00e2ndalo por essa sociedade doentia \u00e9 sinal de sanidade e resist\u00eancia, marca de que ainda n\u00e3o se anestesiaram nem transigiram ao estado das coisas, prova inconteste de que ainda pulsam. Isso quer dizer que as coisas podem mudar. Sim, as coisas podem mudar! A loucura e o vandalismo ser\u00e3o cada vez mais importantes para essa mudan\u00e7a social revolucion\u00e1ria! Por isso, sejamos cada vez mais loucos! Sejamos cada vez mais v\u00e2ndalos!<\/p>\n

“\u201cUm brinde aos loucos. Aos desajustados. Aos rebeldes. Aos criadores de caso. Os pinos redondos nos buracos quadrados. Aqueles que v\u00eaem as coisas de forma diferente. Eles n\u00e3o curtem regras. E n\u00e3o respeitam o status quo. Voc\u00ea pode cit\u00e1-los, discordar deles, glorific\u00e1-los ou caluni\u00e1-los. Mas a \u00fanica coisa que voc\u00ea n\u00e3o pode fazer \u00e9 ignor\u00e1-los. Porque eles mudam as coisas. Empurram a ra\u00e7a humana para a frente. E, enquanto alguns os v\u00eaem como loucos, n\u00f3s os vemos como geniais. Porque as pessoas loucas o bastante para acreditar que podem mudar o mundo, s\u00e3o as que o mudam.\u201d (Jack Kerouac)<\/strong><\/em><\/p>\n

*Artigo publicado tamb\u00e9m na Rede Anote<\/a><\/em>.<\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"

(Ilustra\u00e7\u00e3o: Banksy) Por Artur Pires As coisas n\u00e3o caminham muito bem. O mundo anda \u00e0s avessas, an\u00f4malo, de embrulhar o est\u00f4mago. Dia desses tr\u00eas garotas, crian\u00e7as, tentaram assaltar uma mulher na Praia do Futuro, em Fortaleza. Uma delas esfaqueou a v\u00edtima. Queriam dinheiro para comprar roupas de grife e drogas. 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