Sabiaguaba Lixo Zero



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Assistir ao sol se pondo no Rio Cocó na mata é de alegrar o coração. A beira do rio que corre para o mar atrai turistas e moradores para as barracas na areia. No entanto, entre o paredão e o lounge, a poluição resultante da ação humana começa a afetar as vidas no rio e entorno. Sentindo o sumiço dos siris, caranguejos e peixes, um grupo de nativos da comunidade Boca da Barra, pescadores submarinos e de mergulhadores organiza o Coletivo Sabiaguaba Lixo Zero.

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Foto: Nil Cerqueira

 

“A gente tem uma visão totalmente diferenciada de uma pessoa que vem para praia”- reflete Roniele Sousa, nativo da Sabiaguaba e coordenador da ação – “estava pescando e sempre vinha lixo na tarrafa, começamos a articular essa limpeza porque sabemos que quando a gente limpa o rio também limpa a nossa casa”.

As fotos na rede social de Mateus Leandro contrastam a beleza da foz do rio e o pneu de trator tirado do fundo dele. De acordo com o pescador submarino, os sacos não foram suficientes para tanto lixo, necessitando outros encontros. Interrogado sobre o que mais chamou a atenção dele no primeiro dia de limpeza, relembra: “Seringas com agulhas, numa área de 50 metros”.

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Foto: Reprodução Facebook

“A poluição no Rio Cocó não se produz sozinha, a poluição somos nós, os seres humanos, que achamos que um papelzinho de bombom, ou uma garrafinha não vai fazer a diferença, mas aquilo vai se acumulando nos lugares, no fundo do rio e vai matando a vida que ali existe” – questiona Mateus. Enquanto isso, os peixes e os mariscos migram: “Eles vão para o mar que lá mesmo sendo poluído não é tão poluído como a foz do rio que recebe o esgoto e a sujeira dos banhistas”.

O Coletivo Sabiaguaba Lixo Zero mostra a possibilidade de coexistência entre populações tradicionais e áreas de conservação ambiental. Em 2016, o Governo do Estado do Ceará contestou a permanência de 150 pessoas da comunidade Boca da Barra da Sabiaguaba que estariam dentro da poligonal do Parque do Cocó. Após mobilização popular e institucional, Roniele explica que os moradores estão à espera do decreto, que incluirá artigo garantindo a permanência da comunidade.

A ideia do Sabiaguaba Lixo Zero começou com uma ação, virou coletivo e, agora traz articulação de movimentos para a preservação das áreas verdes da cidade.  Os números divulgados na página do projeto alarmam, mais de 1700 quilos de lixo retirados das margens e manguezal do Rio Cocó e da Praia da Sabiaguaba. Sacolas, garrafas e outros descartáveis são destinados a cooperativa de catadores, uma parceria com o Projeto Verdeluz.

Para Roniele, a novidade rende conscientização: “Quando você chega na beira da praia, todo mundo quer saber o que está acontecendo, e a gente começa a falar do lixo, você começa a ver crianças, adultos colhendo lixos, é uma parte interessante porque a pessoa que está vendo o lixo”.

Outras informações:
Sabiaguaba Nativa
Sabiaguaba Lixo Zero

 


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