Na busca do Nike, morreu de chinelo



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Por Jardson Remido

 

“Compre! Compre! Adquira o novo par de nike”

– Pooorra, que pisante roxeda, ladrão. Mãe! Mãe! Tem um pisante roxeda, passou na TV, compra pra mim?

– Menino, o que é pisante pelo amor de Deus?

– Ô mãe, pisante é tênis. É um da Nike.

– Quê??? Isso é mais do que meu salário, infelizmente não tem como eu comprar, filhote.

– …

Glauber sai do barraco e vê Jorge com o par de tênis que tanto deseja.

– Oh o Glauber, chega aê dazaria!

– Porra, como tu conseguiu esses pisante, menor?

– Ooooh, tô no movimento, altamente envolvido, vendendo, arrebentando nos papelote.

– Como consigo?

– Entra no movimento, menor.

– Pode ser agora?

– Rapaz… pode.

– Pois vai, me arranja o ferro.

– Hã?

– Me arranja o ferro.

– Eita, pois vai menor, sangue no zói.

Glauber foi pra Avenida Perimetral, meter assalto. A vítima reage. Ele mata. Ele foge. Troca tiro com a polícia e morre. Mais um sugado pela propaganda da Nike.

Jardson Remido é poeta marginal, de rua, trocou a quadrada na cintura pelo livro na mochila


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