Bom Jardim Produções: Uma história de amor e resistência



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Cena de uma dos filmes do Bom Jardim Produções

Uma câmera na mão, roteiro, ideia na cabeça e muita gente empenhada em dar o melhor de si. Imagine você ter a missão de realizar os sonhos de muitas crianças moradoras do Bom Jardim, bairro periférico da zona oeste de Fortaleza. Foi o que aconteceu com o casal Gislândia Barros e Josenildo Nascimento, que fundaram o coletivo Bom Jardim Produções. O coletivo é conhecido no meio audiovisual cearense por se apropriar de todos os recursos disponíveis para contar uma história através da lente das câmeras.

Conversei com essa dupla. Bora conferir a entrevista?

Quando surgiu o coletivo?

Gislândia Barros: A Bom Jardim Produções surgiu em 2008 quando a gente inventou de fazer um filme, né? A gente não tinha recurso, não tinha câmera, a única coisa que a gente tinha era a cara e a coragem e os amigos do grupo de teatro. E o Josenildo que escreveu o roteiro do primeiro filme.

Por que o grupo recebeu esse nome?

Josenildo Nascimento: Como ela disse, a gente começou em 2008, eu sonhava em fazer filmes, ela sonhava em atuar. A gente reuniu a turma do teatro e a gente fez o nosso primeiro filme de baixo orçamento. Aí veio aquela coisa de “será que o filme vai ser aceito pelas comunidades e tal por ser do Bom Jardim”?  E também aquela dúvida: “A gente chama do Bom Jardim”?  A gente achava que botar o nome do Bom Jardim ia soar mal, né? Mas aí a gente pensou: “Não! Vamos dar a nossa cara. Essa vai ser a nossa marca”.

Gravação de um filme do coletivo

Quais foram as suas conquistas?

Josenildo Nascimento: Seis anos depois ganhamos um edital de vídeo para exibir na comunidade um filme de 10 minutos chamado Jéssica. Fiquei surpreso, por que normalmente quem ganha esse edital é a galera que já tá aí no mercado usando as câmerazona lá que é massa e a gente conseguiu ganhar esse edital usando uma cyber-shot.

Como foi a repercussão da produção de vocês?

Josenildo Nascimento: Foi massa! Circulamos por todas as escolas e comunidades daqui. De cara já me deu uma doida: “Eu vou passar esse filme no Cine São Luiz”. Fui bater lá, conversei com o pessoal lá, Disseram: “Traz para cá”. A gente passou. Algumas pessoas disseram: “Não cara! Não vão aceitar não”. Mas a gente mandou lá e exibimos. Não tivemos direito a nomezinho lá na frente, mas o cinemazinho quase lotou. Foi uma apresentação inesquecível para nós.

Qual a importância desse longa para os moradores do Bom Jardim?

Gislândia Barros: É uma coisa que a gente tá envolvendo as crianças do bairro e a própria comunidade mesmo. No filme tem criança, a maioria é criança, mas também conta com a presença de adultos, personagens adultos, personagens jovens, alguns jovens estão também participando e eu acho que é algo muito importante. Porque são crianças sonhadoras. Uma delas disse: “Meu sonho sempre foi fazer isso”. Então eu acho que a gente tá possibilitando dentro das nossas possibilidades essas crianças realizarem sonhos. E isso também é um sonho nosso.

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Esta entrevista foi produzida dentro das atividades do curso de Educomunicação (160h) realizado pela Revista Berro em parceria com o Centro Cultural do Bom Jardim (CCBJ). O entrevistador Bruno Alencar foi um dos estudantes.


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