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(Foto: Artur Pires/ Revista Berro)
Por Pedro Bomba
O que escrevo não são poemas políticos
De protestos
Panfletos partidos ou coisa do tipo
Não escrevo cartilhas
Nem desvendo armadilhas
De um mundo impossível
Não faço do poema
Uma folha em branco
Sendo escrita nas normas da ABNT
Não introduzo
Nem desenvolvo
Até porque
O que muito lattes
Não morde
Você sabe disso
Quando escrevo
Sou reboliço
Escrevo a vida
Assim como ela se faz
A hipérbole é
Eufemismo paradoxo
Quebras gramati
Cais
Quando escrevo poema
Escrevo como quem abre
Um animal
Passando a faca afiada
Fazendo linha vertical
Eu Quando escrevo o poema
Sou o próprio animal
Oferecendo o que há de
Dentro Para uma festa ancestral
Escrevo como quem
Trabalha
e ama
e dança
e corre tropeça
Come
Bebe
E bêbado
E emprego
E desemprego
Escrevo com quem salário
Como quem noite
Como quem vende
Como quem o próprio corpo
Escrevo como quem
É cego
E enxerga pelos ouvidos
Como quem tem rimas
Terceirizadas
E todo dia bate o ponto
Final.
Como Um filho
Da puta que rala na tentativa de também ser gente
Como quem vem de longe
Sendo estrada
Consequentemente
Escrevo
como quem atravessa
a rua na diagonal
na pressa de viver
de se poder
chegar mais longe.
Pedro é Bomba.