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(Foto: Fabio Colombini)

Por Vanessa Dourado

 

Tomaram minha terra, disseram que eu era intruso
Tentei entender, mas a força bruta do cajado não me permitiu
Calaram minha voz
Tomaram meus Deuses
Mataram meus filhos
Queriam um metal dourado, pelo qual loucos procuravam noite e dia
Me fizeram escravo, disseram que eu não tinha alma
Me puseram roupa, fizeram com que eu repetisse um ritual inútil
A cruz vermelha era a tortura do meu coração
Os homens brancos
Os demônios que traziam salvação
Escorreram meu sangue, me fizeram de burro de carga
Me encheram de doença
Diziam aquelas bocas, cheias de dentes de ouro, que isso era prosperidade
Hoje olho daqui de cima, peço aos Deuses que perdoem suas atrocidades
Mas, eis que, como dizem vocês
A justiça tarda, mas não falha
Vejo suas crises, seu povo desesperado
Sinto sua angústia
Seu choro desolado
Não é o índio quem vai matar você
Mas, os demônios que voltam
Eles vêm para cobrar reparação
Olhem pra vocês
Nascem doentes, tortos, loucos e cheios de competição
Não sabem o que é viver em comunidade
O que é dividir o pão
Quem sabe um dia, daqui a muito tempo
A gente possa conviver
E nós possamos ensiná-los os valores
Pelos quais se pode morrer

Vanessa Dourado é professora por formação e poeta de coração


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