Pequenas mortes



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arte_mandala(Foto: Ricardinho Matos/ Arte: Cris Cysne, de Asas Para Cysne)

Cris Cysne

Pôr do sol é coisa séria. Pôr do sol é a vida nos lembrando das pequenas mortes diárias. Tudo que nasce, camará, finda na morte. A luz tem que seguir seu fluxo, precisa iluminar outros ares.

É preciso deixar ir. Aceitar. Mergulhar na escuridão até… Até renascer, porque não existe morte sem renascimento. Tudo é um ciclo, um círculo, infinito, mandala. Se a energia é livre para circular, ela se conserva pura, forte, brilhante. Se alguém tenta aprisionar, negar a morte, a partida, a escuridão… Pode ser que o ciclo se quebre, mas é provável que quem se quebre seja o aprisionador de luz, o negador da escuridão.

Essas pequenas mortes diárias nos lembram que tudo que fica velho tem que se renovar. O dia é como a gente: nasce dando a luz, novinho em folha e vai ficando velho na batida das horas. Morre velhinho, retirando a luz em um espetáculo de adeus, nos lembrando que morrer, como tudo na vida, é necessário e bonito. Amar pode exigir libertar, e libertar pode exigir deixar ir, dar adeus. Dar adeus ao que ficou velho e dar boas vindas ao que vem trazendo a luz: um mesmo sol, um novo dia. Ciclo, círculo, eterno, mandala.

Cris Cysne é artista por vocação, publicitária por formação, viajante por convicção e uma eterna grata a arte das mandalas

 


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