Corpo



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(Ilustração: Blog Outras Meninas)

Por Frida Popp

Corpo. Cor-po. C-o-r-p-o.
Feito de carne e osso ou de alma e vontade?
Composto por órgãos, músculos ou por desejos e medos?
Tátil, palpável, teso… Ou fluido?
Cabe dentro de uma fôrma ou é impossível de moldar?
“Não pode ter marcas, menina. Não pode ter riscos, menina. Não pode ter curvas demais, menina. Não pode ter isso, menina. Não pode ter aquilo, menina”, insistem em dizer por aí.
Pois fiquem sabendo que só quem pode dizer sobre ele sou eu.
E foi preciso dor pra que eu aprendesse isso. Foi preciso sofrimento pra que entendesse. Ainda doem essas amarras que vocês impõem.
É preciso constantemente, a mim e todas as minhas irmãs a quem vocês querem enquadrar perversamente em caixinhas, força pra dizer que saiam – saiam vocês, culpas e padrões, porque nós não vamos desistir de sermos o que queremos.
C-o-r-p-o. Cor-po. Corpo.
Corpo dói. Corpo machuca. Cai. Despenca. Desaba.
Corpo flutua. Corpo serena. Relembra, numa memória desconhecida, como andar quando parece que não somos mais capazes. Repousa.
É a expressão mais legítima de tudo o que a gente crê. Do que a gente acredita. Do que a gente é.
Corpo é silêncio e barulho no mesmo lugar.
É calor.
É o que me faz lembrar todo dia que é preciso resistir. E resistir como quem deseja.
Corpo é mágica.
É festa.

Frida Popp não gosta (e não sabe) de definições


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