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Por Andrea Pereira, Brendha Vlasack, Lana Maia, Leonardo Palma, Miguel Martins, Pablo Soares, Zilma Santos e Wandeallyson Landim
O que aqui contarei
É história de sapatão
Com sapatilha vou andar
De São Paulo ao Sertão
A história é de verdade
Da nossa realidade
Pra acabar com a opressão.
Lá naquelas bandas
De sol escaldante
Tem povo de luta
Resistência incessante
Tudo é um babado
Tem bico e bordado
De gente ignorante.
Nasci no Sudeste
Em São Paulo vivi
Me vestia afeminado
Na multidão me diluí
No Cariri eu achei
Que tinha pouco gay
Até que Miguel conheci.
Miguel da Barbalha
Dos verdes canaviais
Todo ano acompanha
Uma festa que é demais
Profana e sagrada
Putaria demasiada
Noticiada nos jornais.
É a festa do pau
De santo casamenteiro
É um esfrega, esfrega
Parecendo um puteiro
Provando que o Cariri
É terra de travesti
Beata e macumbeiro.
No meio da orgia
Das rezas e peleja
Surge ela divina
Saindo da igreja
É a Brendha Vlazack
Dando xeque-mate
Em quem quer que seja.
Por falar em fechação
Lembro passado pertinente
Que mulher não podia
Viver livremente
Teve mulher que resistiu
Como Zilma se viu
Se fazendo resistente.
Esse povo todo
Escrevendo cordel
Coloca a boca no mundo
Sem medo de coronel
Fazendo uma mistura
Combatendo a ditatura
Dando livre seu anel.
* Versos criados em uma Oficina maUdita: Técnicas de Produção de Cordéis, na Semana de Cidadania LGBTT de Juazeiro do Norte/CE. A produção prezou pela espontaneidade e liberdade na tessitura da narrativa.